Da banda do colégio ao engajamento digital, a cantora, compositora e professora de música Julia Pagano, de 22 anos, é uma artista que, apesar da pouca idade, se mostra motivada a chegar em lugares incríveis com a sua música. Dentro do material de divulgação, a rio-clarense já conta com o projeto acústico “Retratos da Saudade”, além de mais quatro singles, com videoclipe, todos lançados na pandemia.
“Fiz um samba pra você, esqueci de escrever. Agora não lembro mais, já se foi a minha paz. Eu vou ter que refazer”, trecho do último material compartilhado nas redes, “Sambinha”, lançado em dezembro do ano passado, chegou a 30 mil ouvintes mensais na plataforma do Spotify, mais a inclusão da música em três playlists na plataforma de streaming.
Foto: Marina Sampaio
A canção, que contou com a participação do cantor Gabriel Feijão nas vozes, ainda ganhou um videoclipe oficial feito de forma colaborativa entre casais apaixonados em meio a quarentena. Mas embora este seja seu último trabalho, não é o único a destacar Julia Pagano pelos dotes artísticos. A jovem já demonstrava o talento bem antes do mundo virar ‘de ponta-cabeça’.
UM VIOLÃO AMIGO
Desde cedo, Julia já se relacionava com o campo artístico. Ainda criança, ela fazia Jazz, desenhava e participava do coral infantil da escola. Foi quando a jovem, à época, descobriu o que viria a ser seu grande companheiro. “Descobri um violão na casa do meu avô e comecei a tentar tocar, como se tivesse tirando umas melodias de ouvido. Nada harmônico, claro. Meu avô, quando viu, ficou muito impressionado. Então me levou para fazer minha primeira aula de violão.”
Incentivada pelo avô materno a fazer as aulas, a cantora afirma que desde então o instrumento se tornou seu principal aliado na vida musical e de composição. “Nesse meio tempo, eu até me encontrei em outros instrumentos, mas o violão é com o que eu mais consigo me conectar. E o canto também”, explica. Além do instrumento, Julia se destacou, principalmente, pela voz.
Ainda adolescente, aos 14 anos, a jovem artista ingressou numa banda com os amigos, como vocalista, no Colégio Puríssimo, onde estudava. A Banda V3 – como se chamava – fazia covers de várias bandas e gêneros musicais, causa pela qual tocavam em muitos ambientes de descontração, relembra.
Foto: Isadora Pagano
Entre festivais e bares, percebeu que talvez pudesse levar a música como profissão. “Eu comecei a perceber que dava pra ganhar dinheiro. Mesmo que pouco, porque tocávamos muito e ganhávamos muito pouco, mas já era o meu dinheiro. Então, eu comecei a ver que talvez desse pra levar isso pra frente.”
Mas ao terminar o Ensino Médio, a artista se mudou para a capital paulista, formando-se em Canto Popular, com bacharel em música, pela FIAMFAAM. Segundo conta, no começo os estudos foram a contragosto, com um pouco de insegurança sobre como a faculdade poderia lhe ajudar. Algo que mudou totalmente ao final do curso, quando encontrou seus atuais companheiros que lhe deram o incentivo para trazer à tona o seu lado mais autoral.
“12 HISTÓRIAS”
No curso universitário, Julia teve de se reunir com a guitarrista Érica Motta, o tecladista Rodrigo Simplício, o baixista Victor Kutlak e o baterista Gudino Miranda. O motivo era uma matéria que envolvia prática de banda. Num desses exercícios de grupo foi quando ela apresentou uma de suas composições ‘da gaveta’: a música “Repara”.
Foto: Gabriela Bastos
“O meu baterista (Gudino) é produtor. Na época ele estava fazendo um projeto chamado 12 Histórias, que é sobre 12 mulheres cantoras e compositoras. Ele me chamou para participar, com essa música. Depois da gravação e produção, percebi ali que eu poderia levar o trabalho autoral adiante.” As incertezas, então, perderam espaço para a grande motivação.
Da insegurança à vontade de cair ‘na boca do mundo’, Julia Pagano demonstra ter mais do que 12 histórias para contar. Afinal, segundo ela, por trás de cada canção há sempre uma história. “A minha música conta a minha história e os meus sentimentos. O que me motiva é mostrá-las para as pessoas e ter a possibilidade das pessoas se identificarem com o que eu faço ou sinto.”
Por Samuel Chagas