As probabilidades de surgimento do câncer de mama são maiores a partir dos 40 anos.
É nesta idade também que as mulheres são indicadas a começarem a realizar a mamografia todos os anos. Porém, o diagnóstico chegou cedo demais e surpreendeu a assistente administrativa e artesã Camila Rodrigues de Lima. Aos 29 anos, recebeu a notícia: estava com câncer de mama. “Foi um choque, senti um nódulo, fui no mastologista por desencargo de consciência. Algumas amigas já tinham tido nódulo, mas benignos, achei que seria meu caso por causa da idade e por não ter casos na família”, relata.
A artesã conta que na primeira consulta o mastologista já não gostou do que viu. Fez a mamografia de emergência no mesmo dia. “Saí do consultório sem chão, meu médico foi muito claro. Na semana seguinte, fiz um ultrassom, com isso, o especialista já me deu 90% de chance de ser um tumor maligno. Fiz a biópsia e o diagnóstico foi confirmado: aos 29 anos, estava com câncer de mama”, conta Camila.
O caso foi confirmado e o tratamento começou em 11 de janeiro. Foram oito sessões de quimioterapia, mastectomia. Agora, segue para a nova etapa com as sessões de radioterapia. Camila diz que chorou tudo o que tinha para chorar no período de investigação e foi entendendo que não passaria por nada que não fosse forte suficiente para aguentar.
Buscou forças, encarou o tratamento e hoje é exemplo de superação e de luta contra a doença. “Tento ver tudo pelo lado bom, sempre, li tanta história linda de superação e dentro de mim eu sabia que a minha seria também. Os pensamentos, a força de não se entregar já são metade do tratamento”, avalia.
Outro ponto positivo e importante para quem enfrenta o problema de saúde é o apoio de familiares e amigos. “Incrível. Se tem uma coisa que o câncer faz é trazer as pessoas que gostam da gente para perto. Tenho muita sorte nessa caminhada. No período de investigação, não contei sobre a suspeita para ninguém da família e nem para os amigos, não queria preocupar ninguém sem ter a certeza. Quem sabia era meu namorado e o pessoal do trabalho, que secaram muitas lágrimas nesse período”, relembra.
E o foi o namorado Leonardo Fiorio que esteve ao lado dela em um dos momentos mais temidos: a queda do cabelo. “A fase do cabelo foi muito tensa antes de começar de fato a cair, me desesperava só de pensar em ficar careca. No dia 11 de janeiro, fiz a primeira sessão de quimioterapia e, saindo de lá, passei na Rede do Câncer para pegar uma peruca, tinha certeza que não ia conseguir me ver careca. O cabelo começou a cair uns 15 dias depois da primeira sessão, aí veio a decisão de raspar”, salienta.
Leonardo a incentivou mostrando que ela continuaria linda da mesma forma. “Meu namorado me colocou sentada, não me deixou olhar para o espelho. A primeira mecha que caiu deu um nó garganta, a hora que ele terminou, me olhou e disse que eu ia adorar a careca, que tinha ficado muito bom. E, realmente, amei minha careca, não usei peruca, nem lenço nenhum dia, fui para todo lugar: casamento, formatura, tudo careca”, enaltece.
Muito importante ressaltar que o Câncer de Mama tem cura, principalmente se detectado precocemente. Foi o que aconteceu com Camila. Ao primeiro sinal, procurou o médico. Ela disse que, na verdade, demorou em torno de um mês para conseguir horário que não atrapalhasse, principalmente o trabalho, e o nódulo já estava em 2,7 centímetros. “Ele cresce muito rápido. Por isso, é importante correr para o médico ao sentir qualquer coisa diferente. A secretária do consultório também foi um anjo se preocupando em adequar o horário para mim, ou seja, as pessoas se preocupam”, avalia.
Hoje, Camila diz que o câncer veio para mudar sua vida e, de maneira positiva, passou a olhar e a valorizar as coisas e situações com outros olhos e a se valorizar também. “A Camila de hoje não é a mesma Camila de ontem, tenho muito orgulho do que eu me tornei, fico muito feliz com o carinho que eu me olho. Hoje, eu me amo de verdade, com cabelo ou sem cabelo, com peito ou sem peito.
Eu queria que todo mundo se sentisse assim sem precisar passar por um câncer. Não me cobro por coisa besta, engordei mais de dez quilos durante o tratamento. Antes de descobrir a doença, nunca estava feliz com o meu corpo, com meu cabelo, fiquei careca, amei minha careca e agora amo o cabelo rebelde e grisalho que vem nascendo. Me olho com carinho e entendo que tudo isso fez parte do meu processo de cura”, analisa.
Depois de tudo que tem enfrentado, Camila encontra forças também para incentivar outras mulheres. “Se tem idade para fazer mamografia, faça todo ano. Se não tem idade para fazer, preste atenção no seu corpo, sou prova viva que câncer de mama não escolhe idade. Para quem está enfrentando o câncer de mama ou está com suspeita, força. Câncer não é o fim, na verdade, tenho visto como um recomeço”, finaliza a artesã.