Como tem sido praxe nas últimas semanas, a proposta pedagógica que está sendo elaborada pela prefeitura de Rio Claro para implantação na rede pública municipal foi alvo de intensa discussão na sessão da Câmara Municipal desta terça-feira (21). Os vereadores voltaram a criticar o documento e solicitaram ao prefeito Gustavo o cancelamento do projeto sob risco do mesmo ser derrubado em plenário.
O assunto foi levantado pelo vereador Hernani Leonhardt quando utilizou a Tribunal Livre, e ganhou apoio dos demais parlamentares. “É um pedido da Câmara cancelar essa proposta ridícula para o bem das crianças de Rio Claro”, afirmou Hernani. Ele declarou ser contrário a alterar o projeto por meio de emendas, como pretende a Secretaria Municipal da Educação. “Fazer emenda a algo que está ruim vai continuar ruim do mesmo jeito. Vamos cancelar”, frisou.
O presidente do Legislativo Municipal, José Pereira dos Santos, informou que em reunião recente realizada com o prefeito Gustavo Perissinotto, ele se comprometeu a cancelar o edital sobre a proposta pedagógica. De acordo com ele, o compromisso foi ratificado pelo prefeito no Encontro Geral de Mulheres da Igreja Assembleia de Deus – Ministério do Belém, na última sexta-feira (17) atendendo pedido do pastor Sisaque Valadares. “A igreja reagiu com palmas diante do pronunciamento do prefeito de cancelar o edital o mais rápido possível. Rio Claro não merece esse edital para nossas crianças”, declarou Pereira.
Outros vereadores também se posicionaram a favor do cancelamento da proposta pedagógica. “Sou contra emenda, deve começar do início e fazer um novo projeto”, defendeu o vereador Pastor Diego Gonzalez. “O texto é tendencioso e fazer emenda em cima disso não faz sentido nenhum. É melhor cancelar e fazer outro e há tempo hábil para isso”, comentou Alessandro Almeida.
O vereador Sivaldo Faísca também se posicionou contra emendas e a favor do cancelamento do projeto pelo “bem da população”. Da mesma forma, Serginho Carnevale observou que “não dá para emendar algo que está ruim e cheio de problemas, e se há consenso de que o projeto não é bom que se faça outro”.
Para o vereador Adriano La Torre, a emenda apresentada “é uma vergonha” e reiterou pedido ao prefeito para atender a solicitação dos vereadores de cancelamento da proposta.
“Cerro fileiras com essa casa em cancelar e fazer um novo projeto”, declarou o vereador Val Demarchi que voltou a cobrar um posicionamento do prefeito sobre “esse importantíssimo assunto para o futuro das nossas crianças”.
Também contrário ao projeto, Julinho Lopes defendeu a retirada e elaboração de nova proposta, ou a derrubada da mesma durante votação em plenário. Rodrigo Guedes também se posicionou contra, além de cobrar posicionamento do Executivo. “Vamos aproveitar a união da Casa sobre o tema e revogar o novo currículo da grade escolar”.
Irander Augusto avaliou que “é uma vergonha” o que estão querendo fazer com as crianças do município e disse ter certeza de que o prefeito vai cancelar o projeto porque “tem compromisso com a cidade”. Paulo Guedes também ser favorável a “retirar e mandar um novo projeto”, e sugeriu que cópias sejam enviadas aos vereadores antes que a proposta seja protocolada na Câmara para evitar novos contratempos.
O debate sobre a nova proposta pedagógica começou no final do mês passado quando duas mães de alunos solicitaram o cancelamento do Edital SME Comerc 01/2022, que autoriza ao Conselho Municipal de Educação a elaborar uma diretriz curricular dentro da proposta pedagógica do município.
Conforme elas, o documento “é omisso, fere a Constituição Federal e outras legislações educacionais”. Em reunião realizada na Câmara, a Secretaria de Educação e o Comerc negaram as acusações e defenderam o documento.
Por Ednéia Silva / Foto: Emerson Augusto/Câmara Municipal