A Editora Buriti abriu a pré-venda do livro de poesia de estreia do jornalista de Rio Claro Antonio Archangelo. A obra reúne 75 poemas escritos entre 1998 e 2018 pelo autor e marca seu ingresso no universo literário brasuca.
A busca pelo amor, as dúvidas existenciais e a incerteza do olhar dão o tom dos versos que exteriorizam um estado de espírito inerente ao ser humano.
Natural de Ourinhos, Archangelo veio para Rio Claro com a família, onde se estabeleceu. Participou ativamente do cenário cultural da cidade dos anos 2000 ao integrar as bandas de rock Black Roses e Delunes. Nesta última, alcançou prestígio no meio ao lançar em rede nacional, na MTV, um videoclipe. Depois, atuando como jornalista, imprimiu sua marca nas páginas de jornais do município, mas começou sua carreira no Diário do Rio Claro.
Sua participação como homem de imprensa e crítico de administrações passadas abriu espaço para uma posição no atual governo municipal, onde permanece no setor da Saúde.
O Centenário entrevistou Archangelo, que revelou de onde surgiu o interesse pela poesia, como percebeu que os versos geravam interesse entre os leitores e como o trabalho com a escrita, feito ao longo dos anos na imprensa, influenciou a estética do trabalho.
l De onde surge seu interesse pela poesia?
O fascínio pela poesia foi despertado nas aulas de literatura com a professora Vera Peão e Mariangela, durante o ensino médio na Escola Estadual João Batista Leme. Lá, de certa forma, fui privilegiado por ter colegas como o Edson Bollis e o Guilhermo Tapia, que me estimularam a escrever.
Desde então, poesia se tornou uma forma de me desconectar com a realidade severa. Recordo-me que chegamos a arquitetar (Eu e o Edson) um movimento literário denominado Movimento Literário do Século XXI. Saí numa tardezinha da escola e fui até a palestra do professor Pasquale Cipro Neto, no colégio Koelle, para tentar persuadi-lo a patrocinar a ideia.
l Poucos conhecem o lado poeta de Antonio Archangelo, se limitando a reconhecê-lo pelo trabalho na imprensa. O que pretende transmitir com este trabalho?
Como qualquer outra arte, a poesia é uma automassagem ao ego, uma maneira de refutar a morte certa. De deixar o nome impresso para o pós-morte. Quando criei o ebook, no antigo blogspot e em sites como “Garganta da Serpente”, comecei a perceber que existia uma certa audiência para aqueles despretensiosos versos.
l Como o trabalho com o jornalismo influenciou a criação de sua obra artística?
Durante toda a carreira jornalística, o processo de escrita passa por uma depuração natural, que pode ser rebuscada ou simplória, de método e de significado. Esse é o fator que contribui, no meu ponto de vista, para este processo de escrita.
l Como é seu processo criativo?
São espasmos, que não seguem rotina, nem horário. Surgem do interior para a realidade, naturalmente. Com o tempo, acabei meio que mecanizando o modo de escrever, seguindo tonalidades imperceptíveis na cadência das sílabas, as quais foram denominadas por algumas editoras de “semanticofonomórficas inovadoras”.
l O que o leitor pode esperar do livro Ápeiron?
Não tenho expectativa de cercear a expectativa ou criá-la. É uma obra autêntica construída durante muitos anos e representa, de certa forma, o caminho que percorri dia após dia nestes últimos anos.
Amostra grátis. Leia uma das poesias do livro Ápeiron
ÀQUELA PEDRA
Mesmo que a mesmice
Repita
refletindo o reflexo
Das verdadeiras verdades
Que sobem para cima
Daquele muro cercado pelas lamentações
Estarei sentado, àquela pedra
Que no meio do caminho estava
E parada, refletia sobre o dia que não era dia
e a noite que não temia
a chegada do do sol