Um ano depois da tragédia que vitimou 270 pessoas na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, e os bombeiros não cessaram a busca pelos desaparecidos. O maior desastre com rompimento de barragem de minério do mundo ainda deixa rastros de degradação ambiental e lembranças tristes em quem atuou no resgate das vítimas da Barragem B1, da Mina Córrego do Feijão.
“O cenário era devastador”, declara ao Diário do Rio Claro, o Tenente Fábio Henrique Giovani, do Corpo de Bombeiros de RC que atuou no resgate em Minas. Segundo o tenente, o que foi reconfortante foi poder “estar ali ajudando a encontrar as vítimas para dar um momento de paz às famílias”. Giovani lembra que a operação segue até hoje.
“Acho que faltam apenas 11 pessoas para serem encontradas. Acredito que os irmãos de farda mineiros não vão parar até achar o último desaparecido”, destaca o bombeiro, que relata que o trabalho naquela tragédia foi uma experiência ímpar. “Aqui no Estado de São Paulo não temos essas barragens de lama, portanto nunca teremos uma ocorrência semelhante. Aprendi muito com os bombeiros de Minas, são excelentes, principalmente na parte organizacional da ocorrência.
” Segundo o tenente, tragédias desse tipo serão muito raras. “Acredito que desastres sempre vão ocorrer, mas vamos aprendendo com eles. A questão das barragens ficou muito latente, 16 pessoas vão responder processo por homicídio doloso por conta disso, então as demais barragens já estão sendo desativadas”, conclui.
INDICIAMENTO
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou na terça-feira (21) o ex-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, e mais dez funcionários da mineradora pelo rompimento da barragem de Brumadinho. De acordo com o MP, os denunciados devem responder na Justiça pelo crime de homicídio doloso, quando há intenção de matar, porque teriam responsabilidade na morte de 270 pessoas, que foram soterradas pela avalanche de rejeitos da represa.
Segundo o MP, cinco funcionários da empresa TÜV SÜD, que também foram denunciados, auxiliaram a Vale na emissão de declarações falsas de estabilidade da barragem do Córrego do Feijão.
Em coletiva de imprensa, realizada em Belo Horizonte, os promotores responsáveis pela investigação afirmaram que a Vale tinha conhecimento da falta de segurança da barragem e que a empresa tinha uma “lista sigilosa” na qual estava listava a “situação inaceitável” de segurança do local.
ROMPIMENTO
O resultado da investigação técnica sobre o rompimento da Barragem, mostrou que a causa da tragédia foi a combinação crítica de deformações específicas internas contínuas, devido ao creep (carga constante que provoca deformação) e à pequena redução de força em uma zona insaturada pela perda de sucção por causa da água de fortes chuvas acumulada no local – aí incluídas as intensas chuvas registradas no final de 2018 naquela região.
Fotos: Divulgação/Corpo de Bombeiros de Minas Gerais