No pós-guerra, nos Estados Unidos, por trás da capital mundial do jogo, se escondia a máfia que reinaria na cidade até meados dos anos 70, cedendo o local a investidores com grande poder financeiro, como é o caso do milionário Howard Hughes, nos anos 70, e de Kirk Kerkorian e Steve Wynn, nos anos 80.
Hoje, Las Vegas recebe mais de 40 milhões de turistas todos os anos e movimenta bilhões e bilhões para a economia do Estado de Nevada. O anúncio amarelado colocado numa das paredes do Museu do Condado de Clark (Nevada) nos transporta à época do nascimento de Las Vegas, que em cem anos passou de mil habitantes para quase 2 milhões: “15 de maio de 1905, leilão de terrenos, preço entre US$ 100 e US$ 750 por parcela, 25% de desconto se pagar em dinheiro”.
Com uma arquitetura menos espalhafatosa e também encravada à força no meio de um nada, Brasília poderia nos dar muito mais lucro se fosse transformada em uma grande Las Vegas latino-americana. O único problema são algumas adaptações arquitetônicas, já que Brasília foi concebida e construída por duas mentes autoritárias, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, e por isso a acessibilidade e funcionalidade de seus prédios ficou comprometida.
Imagine o turista cego pelos gigantescos luminosos de néon ao adentrar, meio desavisado, pela Esplanada dos Ministérios. Tudo na mão, restaurantes, hotéis, shows, espetáculos e o jogo.
O Palácio da Alvorada estaria prontinho para ser o maior e mais glamouroso cassino da cidade, um novo Beluggio, e o Palácio do Planalto poderia ser comprado pela rede MGM. Por que não? A catedral poderia servir para os grandes casamentos, nossas subcelebridades iam amar.
Quando foi inaugurada, Brasília encerrava essa atmosfera de bom gosto e glamour. A ideia de Juscelino Kubitschek com a transferência da capital era “interiorizar o Brasil” atraindo investidores e a mesma atividade econômica do Rio da época. Não deu certo e endividou o País ainda mais. Com o tempo, só atraiu a pessoas em busca de algum subemprego que hoje moram em torno da cidade e burocratas aposentados e dependurados em seus benefícios.
Agora, seria muito caro tentar desmontar tudo. Poderiam então transformar a Capital Federal na nossa Las Vegas. Presidentes e seus amiguinhos poderiam sair da cena e vir para São Paulo. É um pena que Brasília tenha uma triste utilidade, incompatível com o título de Patrimônio da Humanidade.
Já está no segundo estágio que Las Vegas demorou seis décadas para ter. É hora de atrair grandes investidores para hotéis, cassinos e bares de luxo. A máfia já reinou o suficiente. Torná-la uma cidade de diversão seria um final feliz para um lugar que esconde tantos escândalos.