A ideia da criação de uma liga independente para gerir o Campeonato Brasileiro é antiga, mas nunca foi levada adiante. Agora, porém, a possibilidade parece bastante real.
Dezenove dos vinte clubes que integram o campeonato brasileiro da Série A, entregaram na tarde da última terça-feira (15), à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) uma carta na qual apresentam a intenção de criar uma liga independente.
Apenas o Sport Recife, por questões burocráticas, não assinou o documento, o clube de Pernambuco está sem presidente, devido a renúncia de Milton Bivar, ocorrida também na terça-feira (15).
Não há intenção de romper com a CBF, conforme afirma o presidente do EC Bahia, Guilherme Bellintani, que tem falado em nome da liga independente, ainda sem nome, e cujos primeiros passos para sua estruturação jurídica e administrativa devem ocorrer já nos próximos dias.
A liga independente pretende autonomia para organizar o Campeonato Brasileiro. Os pleitos iniciais da futura entidade, apresentados na carta enviada à CBF, assinada pelos 19 clubes postulantes são: a maior participação dos clubes nas decisões políticas, nos processos eleitorais, nas questões de gestão, como por exemplo, a redução das restrições para registrar candidaturas à eleição e o fim dos votos qualificados (com pesos diferenciados entre as federações) retornando ao modelo anterior do voto individualizado, em que todos os votos tem o mesmo peso.
Os organizadores da liga independente que começa finalmente a sair do papel, informam ainda, que não há data definida para a liga começar a organizar o Campeonato Brasileiro.
Segundo Bellintani, os princípios que norteiam a formação da liga independente são: unidade dos clubes, transparência, democracia, planejamento e “agressividade” em relação à política comercial. O dirigente entende que há maturidade suficiente entre os grandes clubes brasileiros para levar o projeto adiante.
Opinião
Iniciativa semelhante a dos grandes clubes brasileiros, para a criação de uma liga independente, foi tentada pelos clubes europeus recentemente, sem sucesso. No caso do Brasil, os clubes aproveitam o momento de fragilidade política da CBF, que teve seu presidente afastado e o desgaste da própria entidade perante parte da opinião pública, por bancar a realização no Brasil, de uma competição como a Copa América, rechaçada pelo próprio selecionado brasileiro e significativa parte da imprensa especializada.
A criação de uma liga independente é um antigo anseio dos grandes clubes brasileiros, necessária para modernizar o futebol nacional, mas, nunca levada adiante, devido à falta de coragem e ousadia dos clubes para enfrentar e, se necessário, romper de maneira definitiva com a toda poderosa CBF, o que será inevitável num futuro próximo, quando houver conflito de interesses entre as entidades.
Colaboração Geraldo José Costa Jr. / Foto: Divulgação