Gabriel Bortoleto levou neste domingo o Brasil ao degrau mais alto do pódio pela primeira vez na temporada 2024 da Fórmula 2.
Em ótima performance, o piloto administrou bem os pneus no trecho final da corrida 2 da rodada dupla da Áustria, no Red Bull Ring, e não permitiu aproximação de Franco Colapinto.
Em uma corrida livre de incidentes, os pneus mais uma vez foram um fator determinante. Alinhado em terceiro e com a estratégia convencional de pneus supermacios no primeiro stint, o brasileiro brilhou com belas ultrapassagens e conquistou a primeira vitória na categoria de acesso à Fórmula 1, cruzando a linha de chegada 4s à frente do argentino Franco Colapinto.
O piloto da Invicta tomou a liderança na quarta das 40 voltas da prova, e retomou a ponta já nas voltas finais, quando pilotos que estavam em outra estratégia se dirigiram aos boxes.
Isack Hadjar terminou em terceiro, à frente do companheiro de equipe, Josep María Martí. Enzo Fittipaldi, em ótima corrida de recuperação, cruzou a linha de chegada em quinto.
Paul Aron terminou em sexto, à frente de Joshua Dürksen. Amaury Cordeel, Taylor Barnard e Zak O’Sullivan fecharam a zona de pontuação. Colapinto ainda pegou o tento da volta mais rápida.
A Fórmula 2 volta no próximo final de semana, de 5 a 7 de julho, em Silverstone, para a rodada da Inglaterra, a última da perna tripla.
Bortoleto salta para 3º após vitória na rodada da Áustria: confira classificação da F2 2024
A bela vitória na corrida 2 na Áustria colocou Gabriel Bortoleto na terceira posição da classificação da temporada 2024 da Fórmula 2. Foram, ao todo, 30 pontos somados, já que o brasileiro ficou em quarto na sprint.
Com o resultado, Bortoleto agora tem 85 pontos e está a 21 de Isack Hadjar. Já o francês viu Paul Aron manter a vantagem na liderança em 9 tentos mesmo com punição na corrida 2. Como foi ao pódio na sprint, o estoniano agora soma 115 contra 106 do rival da Campos.
Zane Maloney saiu de uma rodada zerado pela primeira vez e caiu para quarto, agora empatado em 75 pontos com Franco Colapinto, que ousou na estratégia e conquistou um ótimo segundo lugar na segunda prova. Hauger, que viu o carro apagar no grid e perdeu a chance de capitalizar em cima da pole-position, caiu para sétimo.
Kush Maini pontuou apenas na sprint e é o oitavo, com 52, 10 a menos que Dennis. O indiano leva 3 de vantagem para Josep María Martí, outro piloto em boa performance no fim de semana austríaco, com pódio na corrida 1 e quarto lugar no domingo. Andrea Kimi Antonelli zerou mais uma vez e manteve-se com 48, logo à frente de Enzo Fittipaldi, que tem 42.
Entre as equipes, a Campos abriu 17 para a Hitech e agora tem 155 na liderança da competição. MP e Invicta empataram em 137, enquanto DAMS sustenta o quinto lugar com apenas 1 tento à frente da Rodin.
Bortoleto, primeiro brasileiro campeão da F3, é apadrinhado por Fernando Alonso
Nascido em São Paulo e tutorado por ninguém menos que Fernando Alonso, Gabriel Bortoleto sagrou-se campeão na Fórmula 3 no ano passado junto à equipe Trident, faturando um campeonato inédito para o automobilismo do país, com 45 pontos de vantagem para o segundo colocado.
O brasileiro, que neste domingo comemorou sua primeira vitória na Fórmula 2, integra a lista de pilotos com chances rumo à F1.
Aos 19 anos , ele é assessorado em sua carreira pelo bicampeão de F1, Fernando Alonso, desde o ano passado.
Bortoleto iniciou sua trajetória no kart aos sete anos e debutou em carros de fórmula há apenas quatro anos, em 2020.
Antes da Fórmula 3, passou também pela F4 italiana e pela Fórmula Regional Europeia (FRECA).
O início de tudo
Gabriel entrou no mundo competitivo do kart, comum à maioria dos pilotos em início de carreira, em 2011. Já no ano seguinte, foi campeão do Open do Brasileiro de kart, vice-campeão do Brasileiro e do Paulista de kart, correndo na categoria Mirim.
Prosseguindo na carreira, passou pela Cadete no Brasil antes de mudar-se de vez para a Europa, há seis anos.
Com foco em competições no Velho Mundo, destacou-se especialmente em 2018, quando ficou na terceira colocação no Mundial e no Europeu CIK-FIA (categoria OK Junior), além de ter sido campeão do Sueco de kart e vice na WSK Super Master Series.
Novos caminhos
A migração para carros de fórmula veio em 2020, quando Bortoleto disputou a F4 italiana. Pela Prema, o brasileiro correu ao lado de Dino Beganovic, Sebastian Montoya e Gabriele Minì – e, com o quinto lugar no campeonato, foi o terceiro melhor carro do time, atrás do campeão Minì e do terceiro Beganovic. Ao longo da temporada, o paulista conquistou uma vitória e quatro pódios.
No ano seguinte, foi para a Fórmula Regional Europeia (FRECA), juntando-se à FA Racing – equipe do bicampeão mundial de F1 Fernando Alonso.
Em 2022, houve uma breve mudança de ares: Bortoleto seguiu na FRECA, mas migrou para a R-Ace GP, equipe campeã da temporada anterior. A bordo do carro francês, o jovem brasileiro conquistou duas vitórias – em Spa-Francorchamps e no circuito de Barcelona-Catalunha – e cinco pódios, que lhe renderam o sexto lugar geral no campeonato.
Relacionamento com Alonso
Sem conhecer Fernando Alonso, Bortoleto procurou a FA Racing, que vinha de duas participações na Fórmula Renault Eurocup, em busca de uma vaga. As partes chegaram a um acordo e Gabriel assumiu o cockpit da equipe para a FRECA 2021, primeiro ano após a fusão do campeonato com a FR Eurocup.
Os dois se encontraram pessoalmente em algumas ocasiões, mas a relação evoluiu mesmo em 2022. De um lado, Gabriel buscava evoluir a carreira para a Fórmula 3. Do outro, Alonso tinha acabado de lançar a A14 Management, agência de gerenciamento de pilotos, com outros dois sócios. Os interesses afins prevaleceram e, em setembro daquele ano, a empresa anunciou que passaria a cuidar da carreira do brasileiro.
Em busca da elite
Os bons resultados na FRECA aproximaram Bortoleto da F3 e o brasileiro assinou com a Trident, e logo no fim de semana de estreia, Gabriel venceu a corrida 2 no Bahrein sob olhares orgulhosos de Alonso.
A relação com o bicampeão de F1 gerou bons frutos na etapa seguinte, na Austrália, quando Gabriel venceu novamente a corrida 2.
Com direito a conselhos prévios do piloto da Aston Martin, Bortoleto triunfou largando da pole e chegou a 58 pontos na tabela, abrindo vantagem de 20 pontos sobre o então rival Gregoire Saucy.
Bortoleto seguiu na briga pelo título e disparou com o segundo lugar na Áustria. Em uma corrida 2, com o também brasileiro Caio Collet em terceiro, o piloto da Trident chegou à marca de 111 pontos contra 75 de Josep Maria Martí.
Na Inglaterra e na Hungria, o brasileiro subiu ao pódio duas vezes – em ambos os casos, conquistou o segundo lugar na corrida 1 (sprint). Mesmo com duas vitórias a menos que o atual vice-líder Zak O’Sullivan, a constância na zona de pontuação deu ao brasileiro 43 pontos de vantagem e um match point antecipado pelo título, já vá Bélgica.
Com a confirmação do caneco, Bortoleto tornou-se o primeiro brasileiro a conquistar um título da Fórmula 3.
Outras categorias
Em meio à disputa da FRECA em 2021, Bortoleto conseguiu retornar ao Brasil para se aventurar na Stock Light (hoje chamada de Stock Series), que serve de acesso à Stock Car. Na etapa de Curitiba, sua estreia na categoria, largou da pole após a desclassificação de Lucas Kohl e correu tranquilamente até o triunfo na corrida 2.
Em 2022, disputou ainda a Corrida de Duplas da Stock Car, em Interlagos. Correndo ao lado de Gaetano di Mauro, chegou em sexto na corrida 1 e em 22º na corrida 2.
Estreante na Fórmula 2 em 2024, o brasileiro tornou-se a sensação da categoria. Além de correr pela Invicta Racing na F2, ele faz parte do Programa de Desenvolvimento de Pilotos da McLaren, já pilotou o kart usado por seu ídolo Ayrton Senba no Mundial de 1977 e agora, já brilhando também com a primeira vitória na F2, vai com tudo rumo a seu lugar na maior categoria do automobilismo – a Fórmula 1.
Com talento, dedicação e foco, o jovem piloto seria o primeiro brasileiro a disputar a categoria desde Felipe Massa, em 2017.
“Sei que depende de muitos fatores, como patrocinadores e oportunidades nas equipes. Eu sigo esse sonho desde sempre. Vou me tornar a melhor versão de mim mesmo para alcançá-lo. Comecei no kart, vindo de uma família brasileira, e sou muito orgulhoso de representar nosso país”, destaca Bortoleto.
Por E. Cortez