Mudar para permanecer. A frase que está presente em um diálogo do filme Diário da Província, de 1979, do cineasta Roberto Palmari parece estar mais atual do que nunca. No caso das bancas de jornais e revistas mudanças ocorrem há bastante tempo. Desde 2009, quando foi realizada pesquisa inédita pela empresa ToolBoxTM, consultoria especializada em pontos de vendas, foi constatado que o perfil de negócio se transformou. De acordo com o levantamento, as bancas se tornaram um canal de conveniência, diversificando seus produtos.
A informação é confirmada por Reinaldo Zambone, responsável pela Banca da Matriz em Rio Claro há 34 anos. Para ele os estabelecimentos estão se reinventando. “Hoje vendemos brinquedos colecionáveis, sorvete, água, cartões colecionáveis, entre outros produtos”, explica. Essa mudança, ele aponta, se deve ao avanço tecnológico e também à crise econômica. “Existe um volume grande de informações e uma banalização dessas informações nas plataformas digitais. Isso diminui os leitores que não procuram nos veículos oficiais dos impressos se a informação que estão consumindo é real. A crise também afetou o setor, pois não somos um segmento de primeira necessidade”, esclarece.
Francisco Chaves, que trabalha há 15 anos na Banca Central, concorda que a tecnologia no emprego das informações e a crise fizeram com que o setor se reorganizasse. “Eu acho que não tem possibilidade de aumentar o número de bancas, não como um ponto tradicional. Nós atualmente vendemos produtos alternativos”, diz.
Levantamento feito pelo Diário do Rio Claro aponta que Rio Claro possui atualmente 14 bancas espalhadas no município. Sendo que somente 35% estão localizadas em bairros descentralizados. Esse é um movimento que Zambone considera uma tendência. “Até o ano 2000 existia uma pulverização das bancas nos bairros. Agora elas estão mais centralizadas por causa do mercado”, observa.
Os dois jornaleiros comemoram vendas de alguns produtos tradicionais. “Além dos colecionáveis e produtos conexos, a venda de palavras cruzadas, apostilas para concurso público e livros escolares aumentou”, enfatiza Zambone. Chaves destacou ainda o crescimento de vendas de histórias em quadrinhos. “Palavras cruzadas e gibis são os mais procurados”, frisa.
Mesmo com o perfil de negócio se transformando, Zambone enfatiza que o chamariz para a procura por bancas ainda são as publicações tradicionais. “A pessoa entra pelo tradicional e vê que outros produtos agregados também fazem parte do universo da banca”, finaliza.