Outro dia, o militante esquerdista argentino Perez Esquivel, premiado com Nobel da Paz, foi à presidente do Supremo pedir liberdade para Lula, condenado por corrupção, para que ele pudesse participar de mais uma eleição presidencial.
O Sr. Perez Esquivel deve imaginar que somos uma república de bananas, mas Cármen Lúcia não pensa isso. Ela sabe que não está acima da lei, nem acima das decisões de tribunais. Considerou a visita como de cortesia.
Depois, foi um tal Comitê de Diretos Humanos, de 18 pessoas, não de delegações de países, como o Conselho de Direitos Humanos, da ONU, a dizer que o Brasil deve conceder a Lula o direito de dar entrevistas e de participar da campanha presidencial. Também julgam-nos uma republiqueta, a Banânia sul-americana. De nada adiantou a apelação típica de movimento estudantil de esquerda.
O operador de tais puerilidades deveria conhecer tudo isso, pois já foi ministro de Relações Exteriores de FHC e Lula, também Ministro da Defesa de Dilma, filiado ao PT. Celso Amorim vinha acompanhando Lula nos palanques antes de seu líder ser preso por corrupção. Foi quem autorizou converter a embaixada do Brasil em Honduras em diretório político o presidente Zelaya, quando foi deposto pela Suprema Corte e pelo Congresso.
Mais recentemente, conseguiu uma nota do governo bolivariano de Maduro em apoio à liberdade para Lula. Claro que fica difícil ganhar no grito na tentativa de assustar a Justiça Eleitoral e obrigá-la a agir ao arrepio da lei, como tentou a manifestação do MST no dia do pedido de registro da candidatura de Lula.
Imaginem se fosse possível um condenado já em segunda instância ser solto para participar de debates e da campanha. Como todos são iguais perante a lei – diz a Constituição – milhares de condenados que estão nos presídios exigiriam os seus direitos políticos de serem candidatos a deputado, por exemplo.
Quem sabe candidatos a presidente, aberto o precedente. A claque de movimento estudantil fica a repetir que se trata de condenação política, embora o investigado, o denunciado, o réu, o condenado, tenha exercido em cada instância e à exaustão todos os direitos de defesa e de recursos.
O excelente colunista Luiz Carlos Azedo fez uma comparação entre o Luis Lula e seu xará, Luis XIV. O Rei Sol dizia “L’état c’est moi” (o estado sou eu) – e Lula age como se “a lei sou eu”. Quer que submetam a ele a Lei Penal, a Lei Eleitoral, a Lei da Ficha Limpa – que ele próprio assinou depois que o PT nela votou em peso e que ele quer derrogar em causa própria. Seu partido forçou um pedido de registro de candidatura como se a lei das inelegibilidades e a da ficha limpa não existissem.
E aposta na fraude de usar na urna a foto de quem não pode ser candidato para enganar justo o eleitor mais carente de conhecimento e informação. No fundo, uma tentativa de cambalacho contra o mais sagrado da democracia, que é uma eleição. É uma tentativa de desmoralizar a Justiça e a eleição, acreditando que o país é uma Banânia.
Por Alexandre Garcia