Janaina Moro
O bailarino, professor e coreógrafo Rafael Vicente de Paula trilhou seu caminho na dança desde muito cedo e continua fazendo história em Rio Claro, cidade onde nasceu. Por conta de seus projetos foi convidado a apresentar o seu trabalho na reabertura do Museu Amador Bueno da Veiga que acontece nesta quarta-feira (23) e faz parte da programação dos 194 anos de Rio Claro. O evento está marcado para às 19 horas para um público pequeno devido à pandemia.
Uma apresentação especial foi preparada sob o comando e sensibilidade da coreógrafa Evelyn Anton que ensaiou o bailarino e remete a todo um contexto vivenciado pelos negros ao longo da história. “Acredito que é através da sensibilidade que o movimento pode nos expressar, possibilitando o reencontro com meus ancestrais e tornando possível dançar com eles e com a História que representam. Uma Dança repleta de possibilidades, sentidos e significados que permitem a liberdade de expressão. Serão diferentes formas de expressão e comunicação, permitindo um afloramento emocional e espiritual”, explicou Rafael.
TRAJETÓRIA
Rafael De Paula iniciou na dança muito cedo, aos 11 anos. “Comecei meus estudos de dança (Ballet clássico e jazz) aqui em Rio Claro, logo em seguida dando continuidade à formação e à uma carreira profissional em São Paulo, tendo oportunidade de ser dirigido por grandes nomes da dança, incluindo maestros professores, ensaiadores e coreógrafos”, destaca o coreógrafo que como bailarino participou dos maiores festivais de dança da época, destaque para Passo de Arte, Seminário Internacional de Brasília e Festival de Joinville, entre outros, sendo medalhista nas competições.
Hoje, aos 39 anos leva todo o conhecimento para novos bailarinos através do Grupo De Paula e Projeto Social em dança, também como professor e coreógrafo pela região. “A metodologia aplicada no Projeto de Dança do Grupo de Paula baseia-se em técnicas conceituadas e de enorme eficiência educacional”, salienta De Paula.
Ele salienta que no balé clássico as técnicas utilizadas são derivadas de estudos e de suas vivências com técnicas adaptadas à realidade das crianças e adolescentes. “Todo o trabalho é complementado com atividades extras que despertam os princípios gerais de cidadania, cultura brasileira, noções de composição coreográfica, maquiagem e figurino, noções elementares de anatomia e dinâmica muscular”, ressalta sobre as aulas que continuam sendo realizadas seguindo todas as medidas de segurança contra à Covid-19.
#vaitermuseu
Por Dalberto Christofoletti*
Quando o Museu queimou em 2010, um pouco de cada rio-clarense também queimou. Assim tivemos um dia da cidade triste. Mas nós, rio-clarenses, sempre nos mostramos maiores do que qualquer tragédia e aceitamos a tarefa de aprender com os erros e reconstruir o Museu ainda maior, melhor e mais seguro.
Muitos já ouviram as histórias do pioneirismo de Rio Claro: libertação dos escravos, luz e carro elétricos, lata de alumínio, luta pela Constituição… Essas histórias estão no Museu Amador Bueno da Veiga, mas não como algo estático, aprisionado no tempo pretérito e sim como algo vivo, útil e capaz de nos alimentar todos os dias.
Preservar essa memória é incutir em todas as gerações de nossa cidade a confiança na capacidade de superar desafios e inspirar o Brasil rumo ao progresso. Guardamos a história, porém a resgatamos de uma visão tradicional equivocada para mostrar a importância de todos, colocando o multiculturalismo brasileiro no seu devido lugar de destaque, livre de racismos e preconceitos.
Com o esforço emocionante da equipe da Secretaria de Cultura enchemos salas, outrora completamente vazias, com acervos raros no interior paulista. Luzes se acenderam e o museu retoma os batimentos do coração de sua história.
O novo Museu Amador Bueno da Veiga agora conta com 10 ambientes: “Sala Audiovisual”, “Rio Claro”, “Movimento Constitucionalista”, “Memória Ferroviária”, “Povos Indígenas”, “Cultura Negra”, “Música e Mídias”, “Construtores de nossa cidade”, “Anfiteatro ao ar livre” e “Jardim das Esculturas”. O prédio possui elevador e acessibilidade.
Assim, com imensa alegria, Rio Claro no alto de seus 194 anos o DEVOLVE AO POVO, pois é seu fiel depositário. Se o Museu ainda não morreu, mesmo com tantos que o tentaram matar com fogo ou omissão, é porque nunca lhe faltou amigos, desses que batem a nossa porta e perguntam quando irá reabrir. A esses que perguntaram durante 15 anos quando iria reabrir plenamente, respondemos: HOJE! E quando pretendemos fechá-lo? NUNCA MAIS!
*O autor é Professor e Secretário de Cultura de Rio Claro
Foto: Divulgação