Do interior rio-clarense à Grande Capital e o ABC Paulista, a atriz paraibana de 22 anos, natural de Cajazeiras, Amanda Euzébio Araújo – ou Amanda Euzébio, como é seu nome artístico atualmente -, descobriu o teatro com cerca de 12 anos de idade, num projeto que havia no SESI, em Rio Claro, em 2012. De lá para cá, muita coisa aconteceu envolvendo novas experiências com Cias. de Teatro, filmes de Cinema e, claro, o velho dilema da pós-modernidade: “Que profissão seguir?”.
A escolha de ter o teatro em sua vida como profissão só veio à tona em 2018, quando decidiu que queria fazer o curso de Licenciatura e Bacharelado em Teatro, oferecido pela Universidade Anhembi Morumbi – SP, graduação que começou no primeiro semestre de 2019. O caminho até aí, no entanto, não dispensa alguns detalhes que a atriz e estudante contou ao DRC e o caro leitor saberá a partir de agora.
COMEÇO
Em 2015, depois de quase três anos no Projeto SESI de Teatro, Amanda Euzébio, à época ainda adolescente, teve a oportunidade de conhecer a Cia. de Teatro Tempero D’Alma, dos diretores e organizadores Claudio Lopes e Luana Menezes. Amanda conta que, especialmente, os dois lhe serviram como um espelho que influenciou na decisão de seguir carreira.
“O Claudio e a Luana foram pessoas que já estavam engajadas na área, quando eu entrei. De certo modo, eles quem abriram os meus olhos para ver que poderia ser possível viver como cidadã, artista e trabalhadora dentro da área das Artes Cênicas”, conta.
Com o grupo, a jovem aprendeu o teatro desempenhando papeis em peças de grandes nomes da Arte, como William Shakespeare, em A Tempestade, Ariano Suassuna com A Pena e a Lei, García Lorca em A Casa de Penada Alma, entre outras modalidades das Artes Cênicas, em especial, a Dança-Teatro, com o espetáculo Para Pina – em homenagem à coreógrafa alemã Pina Bausch.
Passados alguns anos de grupo, a atriz também teve a oportunidade de desempenhar seu primeiro papel no Cinema, como protagonista no filme Meninas Formicida (2017), do diretor e cineasta rio-clarense João Paulo Miranda Maria. A produção cinematográfica aborda, entre algumas questões, a causa do aborto, e chegou a ser indicada ao Festival de Cinema de Veneza, no mesmo ano.
“Foi um processo diferente, pois eu só havia trabalhado com teatro e foi o meu primeiro trabalho com cinema. A atuação para câmera é diferente. E por ser uma colaboração Brasil e França, com produtores franceses nas gravações, foi um trabalho muito importante pra mim.”
Mais tarde, em 2018, Amanda também seria procurada pela diretora Ana Paula Gomes para ser uma das protagonistas da websérie Diário de Uma Jovem Lésbica, produzida e gravada em Piracicaba, município da região do interior paulista. A série, que conta a história de um relacionamento um pouco conturbado entre duas garotas, e está disponível no YouTube, chegou a ganhar até legendas em russo, fruto das conexões atuais e representatividade no mundo digital.
“NÃO É UMA CARREIRA FÁCIL”
Passado todo esse tempo e estas experiências, a atriz até então conta que escolher seguir a carreira não foi uma tarefa fácil. “Eu poderia dizer que não fui eu quem escolheu o teatro, mas foi o teatro quem me escolheu, como se fosse uma coisa de destino meio romântico. Mas, a verdade é que não é uma carreira fácil, do tipo, ‘Ah, vou fazer teatro’. Mas é possível. Mesmo com todas as incertezas, o que me move é estar contribuindo com alguma coisa, porque Arte, no fim, é ação.”
Amanda Euzébio não traz pompa à questão, pelo visto e o que conta. Atualmente, ela não apenas estuda, mas também trabalha como balconista em um Cartório, em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, para manter os estudos e parte da vida social.
Mas, como a própria diz, no “meio das incertezas”, a atriz comenta o papel de ação social da arte e do Teatro na sociedade. Para a jovem, a necessidade de se trazer debates através das peças é inerente para questionar determinados assuntos e, quem sabe, dar algum esclarecimento para enfrentamento dos mesmos.
Como é o caso da sua última peça teatral presencial, Histeria Coletiva, de 2019, antes da pandemia que iniciou-se em 2020, e Efeito Manada, realizada em Live ao longo do ano passado. Ambas as obras, atuadas pelo curso universitário – como já referido na reportagem -, têm caráter crítico e reflexivo. De um lado, a apresentação das crenças e tradições que muitas vezes levam sociedades a atos histéricos. Por outro, o quanto uma sociedade pouco esclarecida pode aderir a costumes e crenças, sem se questionar de fato.
PARA ALÉM DA ARTE, A EDUCAÇÃO
Em 2020, a atriz conta que nesse período teve de realizar um trabalho acadêmico sobre Arte-Educação, algo que lhe flertou o olhar ao longo do processo. “O trabalho de atriz em si já é muito contributivo, como havia dito, mas senti que precisava de mais alguma coisa. Foi quando percebi que o Teatro poderia também ajudar na formação de pessoas.”
Neste ano, conseguiu dois estágios envolvendo Arte-educação, numa escola de Ensino Básico (infantil, fundamental e médio) e na Escola de Teatro Nilton Travesso. Entre os desejos de se aperfeiçoar como atriz, Amanda Euzébio diz agora querer contribuir para os caminhos da educação na sociedade, utilizando-se da arte para construir futuros cidadãos.
Arte é ação social
“Arte é ação social. E resistência” – Amanda Euzébio, atriz e graduanda em Licenciatura e Bacharelado, pela UAM-SP.
Por Samuel Chagas