A arte de atuar faz parte da vida de Jefferson Lopes de modo tão intenso que fica assaz difícil separar o homem do artista. Natural de Itararé, mas “naturalizado rio-clarense”, como gosta de dizer, é ator, diretor e professor teatral.
Começou sua carreira em 1982 com um dos pioneiros em tratando-se de programas infantis na TV brasileira, à época, na TV Tupi: José Gonzalez de Diego. Na ocasião, participou de peças como “Corpore”, “Este Planeta é Meu”, “Turma do Amazônio”, entre outras. Mais tarde, em 1984, entrou para o CPT (Centro de Pesquisa Teatral), do renomado diretor Antunes Filho.
Quando da oportunidade, atuou em peças como “Macunaíma”, “Romeu e Julieta”, “A Hora e Vez de Augusto Matraga”, “Xica da Silva” e “Paraíso Zona Norte”, contracenando com atores como Raul Cortez, Giulia Gam, Matheus Nachtergaele, Ailton Graça, e tantos outros. Mas seus feitos artísticos não se restringiram ao território nacional.
“Participei de festivais internacionais por diversos países: França, Espanha, Áustria, Alemanha, Grécia, Canadá, Japão, Coreia do Sul, México e Venezuela”, relata. Deste modo, tornou-se assistente de direção de Antunes Filho e professor do CPT e do INDAC (Instituto de Artes Cênicas de São Paulo).
No ano de 1991, ingressou na Cia. Multimídia, de São Paulo, do diretor Ricardo Karman, em que montou peças como “Viagem ao Centro da Terra” e “A Grande Viagem de Merlin”, esta última destacada no Guinness Book.
Entre 1991 e 1999, deu início em Jundiaí, ao lado do ator Alexandre Ferreira, a um curso teatral em que teve a oportunidade de montar peças como “Queda para o Alto”, “Van Gogh”, “A Tempestade”, “Jesus Homem”, dentre outras.
Rio Claro
Em 1997, abriu, na Cidade Azul, um curso, resultando em peças como “Madame Blavatski”, “Os Sete Gatinhos”, “Perdoa-me por me Traíres”, “Dorotéia”, “Toda Nudez será Castigada”, “Navalha na Carne”, “O Santo e a Porca”, culminando com a fundação, junto à Juliana D’Urso e Cláudio Lopes, da Cia. Quanta de Teatro. “Produzimos e idealizamos o Quanta Cultura – Evento de arte na praça, além de um programa na TV Cidade Livre de Rio Claro”, recorda-se.
Lopes concebeu a UTERC (União Teatral de Rio Claro) – Festival de Teatro Regional, que objetiva estimular todas a vertentes de arte do município e região. “Em parceria com a prefeitura municipal, a Cia. Quanta de Teatro criou o projeto Girassol, levando arte e cultura para toda a periferia da cidade, com o CAPS III, Casa Escola e Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro e Unesp”, expõe.
Com o cineasta João Paulo Miranda Maria, foi o responsável por criar o projeto Cinema Caipira, realizando oficinas cinematográficas e produzindo inúmeros curtas-metragens e alguns longas, como “Quieta Non Movere”, “O Alienista”, “Pirlimpsiquise”, “Álvaro de Campos”, “Ricardo Reis”, “14 Bis”, “Comand Action” – este, premiado no Festival de Cinema de Cannes.
“Projetos realizados em Rio Claro de 1997 a 2012”, destaca.
Em 2012, retornou à cidade de Jundiaí para atuar em “Yerma”, com direção do renomado diretor Ruy Cortez, e na peça “Memórias de Maria”, do diretor Alexandre Ferreira.
No ano seguinte, em Florianópolis, Santa Catarina, Lopes realizou o levantamento histórico da “Ilha das Bruxas”, escrito pelo historiador Franklin Joaquim Cascaes. Montou, também, o espetáculo “Sarau Fadólico”, além de ter realizado duas oficinas de teatro na capital catarinense nos espaços de arte Engenho do Zé e Quilombo do Gil Farias.
De 2014 a 2017, idealizou oficinas e montagens teatrais em “Lonas Culturais”, da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, peças como “Menino do Dedo Verde”, “Canção de Assis”, “O Peregrino”, “Retrato da Vida”, “A Origem”, e outras.
Já em 2018, regressou a São Paulo, onde atuou na peça “Desejo – Primo Basílio”, da Cia. do Ator, sob direção de Gabriel Catelanni. Em Jundiaí, atuou na peça “Trilogia Shakespeare”, com direção de Alexandre Ferreira. No final de 2018, em Rio Claro, atuou e dirigiu o espetáculo “O Mágico de OZ”, com a academia de ginástica Tatiana Carraro.
Em 2019, atuou no longa-metragem “Casa de Antiguidade”, do cineasta rio-clarense João Paulo Miranda Maria, atuando ao lado do veterano ator Antônio Pitanga. “Esse filme irá representar Rio Claro e o Brasil nos maiores festivais de cinema do mundo em 2020”, confidencia.
Ainda este ano, dirigiu e montou a peça “Quando as Máquinas Param”, de Plinio Marcos, com os atores José Renato Forner e Vivi de Almeida, no SESC Jundiaí, em memória dos 20 anos de morte de Plinio Marcos.
No momento, afirma estar bastante entusiasmado já que, em Rio Claro, irá dirigir e montar, junto com a atriz Juliana D’Urso e a videomaker Talita Skylar, o espetáculo “Peter Pan”, da academia Tatiana Carraro, com estreia para os dias 1º, 2 e 3 de novembro, no Centro Cultural Roberto Palmari.
Por fim, o artista faz uma ode à Cidade Azul. “Ah, Rio Claro, ah, Rio Claro. Terra dos indaiás. Terra de São João Batista. Reinado das cabeças… Cidade de musicistas, poetas, pintores, atores, artesãos, escultores, escritores, dialéticos, democráticos, libertários, bons de prosa e prática. Modernistas. Antropofágicos utópicos. Miscigenados das três raças e das três cores. Salve, salve Rio Claro. Toda minha gratidão e alegria de tanto que aprendi e aprendo contigo. Cultura é a luz de um povo”, finaliza Jefferson Lopes.