Recentemente foram celebrados os 50 anos da chegada do homem à Lua. Como todo evento histórico que chega a um aniversário especial (além do quinquagésimo, são sempre muito destacados o primeiro ano, a primeira década, os 25, os 100 e os 200 anos), todos os meios de comunicação – seja o Doodle do www.google.com.br ou no Jornal Nacional – celebraram este meio século.
Como consequência natural, também surgem as conversas sobre as celebrações. E, como em qualquer conversa/debate, as discussões, as dúvidas, as desconfianças. Por coincidência, numa das aulas que tive de ministrar, o tópico para debate – sou professor de Língua Inglesa – era justamente “eventos históricos”.
Como a atividade já havia sido criada anos antes do aniversário, havia uma lista de grandes momentos: falamos sobre bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, a construção de Brasília, a queda do Muro de Berlim e outros, até que chegamos na “Ida do Homem à Lua, em 20 de julho de 1969”.
Praticamente todos concordaram: “mentira”, “fake”, “armação” e até mesmo risadas. Um deles garantiu: “já li num blog…”. Outro complementou: “Sim, parece que usaram um deserto no Chile”. Um terceiro “corrigiu”: “não, era lá nos EUA mesmo, acho que no Texas”. Mas ninguém dizia acreditar. Citaram diversas conspirações, evidências X, até usaram tom de viés didático, falando sobre “Guerra Fria”, “Corrida Espacial”, “EUA x URSS”, “Ocidente VS Oriente” e, claro, Capitalismo VS Socialismo. – isso ocorreu numa escola particular.
Curiosamente, eu citei redes sociais para tentar entrar no discurso deles, mas apontando outro viés. Citei a rede social Flickr, especializada em fotografias, que disponibilizou TUDO sobre o Projeto Apollo – confira no Google, buscando as seguintes palavras-chave: flickr Project Apollo archive. Falei que SÃO MAIS DE 15 MIL IMAGENS disponíveis, com todo o passo a passo, a sequência da viagem ao nosso satélite e tudo mais.
Joguei o verde: “será que tudo é montagem, ilusão, criação?”. Não se fizeram de rogados: “ah, professor, tudo fake mesmo, ainda mais hoje em dia, dá pra manipular imagens super facilmente”. Tudo, é claro, acompanhado de risadas, como se eu tivesse dito que a Terra é plana ou que os Beatles não compuseram as próprias músicas.
Já inconformado diante de tamanho ceticismo, fiz uma outra pergunta: “E nos dinossauros, vocês acreditam?”. A resposta, como que num casamento, foi imediata e sem hesitação: “sim”. E citaram as mesmas evidências outrora refutadas: “há milhares de imagens”, “há estudos”, “há textos”, “há materiais em exposição”. Um deles, o mesmo que citara o deserto chileno, como a querer encerrar a conversa, sentenciou: “está mais do que provado, esses dias descobriram uma ossada de 5 milhões de anos”.
Após a aula, passei por uma reflexão profunda: não se trata apenas de eu “provar” para alguém – e aqueles nascidos nos anos 60 ou antes, que viveram o momento, não conseguem conceber a dúvida desta geração – que, sim, o homem chegou à Lua, que, sim, todo aquele investimento não foi apenas uma briga de adolescentes querendo provar algo pro outro, e que, sim, o retorno não aconteceu justamente por não se tratar de mera competitividade.
O que eu pensei comigo mesmo, e convido você, caro leitor, a pensar agora, é mais simples e ao mesmo tempo maior: Diz a narrativa bíblica em João que, “quando os outros discípulos contaram a Tomé que viram Jesus ressuscitado, ele replicou: “Não acredito”. Depois, Tomé encontra o Senhor, e exclama: “Meu Senhor e meu Deus!”. Então Jesus observou: “Crês porque me viste! Felizes os que não me viram e, mesmo assim, creem.”
Seja com Cristo ou com a Lua é simples, portanto, compreender: é preciso muito mais fé para negar do que para crer.