Um novo asteroide foi oficialmente batizado com o nome do professor Nelson Callegari Jr, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) campus Rio Claro. O docente do IGCE (Instituto de Geociências e Ciências Exatas), foi um dos cientistas homenageados com o nome do novo asteroide na Conferência ACM (Asteroids, Comets, Meteors Conference), que terminou na última sexta-feira, dia 23, no Arizona, Estados Unidos. O asteroide descoberto em 4 de julho de 2000 agora se chamará (30452) Callegari.
Segundo o Jornal da Unesp, que repercutiu a homenagem, a atribuição do nome de um estudioso a um corpo celeste é uma das principais formas de reconhecimento no campo da astronomia.
A denominação dos asteroides, classificados como pequenos corpos celestes, é responsabilidade de uma instância da União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) e envolve decisões colegiadas.
A atribuição de novos nomes ocorre periodicamente nas Conferências ACM. As homenagens são indicadas e aprovadas por cientistas independentes, sem relação direta com quem é homenageado.
Avisado por colegas que estavam no Arizona participando da conferência, Nelson Callegari Jr. sentiu-se recompensado por uma trajetória de quase 30 anos dedicados ao ensino, à pesquisa e à difusão da astronomia.
O docente do IGCE-Unesp é o fundador e coordenador da Escola dos Astros, um projeto de extensão universitária criado em 2011 para difundir a astronomia entre crianças e adolescentes da região de Rio Claro.
O projeto tem como público preferencial alunos do ensino fundamental e do ensino médio de colégios públicos e particulares, funciona com o apoio de alunos de graduação e de pós-graduação bolsistas, que atuam como monitores, e já realizou cerca de 7.000 atendimentos presenciais ao longo de sua história.
A Escola dos Astros oferece atividades diversas, como observações astronômicas e palestras. Como não há um observatório no campus, tais atividades são realizadas nos anfiteatros das unidades e nas áreas externas. Durante a pandemia, devido ao distanciamento social, o trabalho prosseguiu com a realização de lives.
“O público mais presente em nossas atividades são alunos do ensino fundamental. As crianças gostam muito. Mesmo com poucos recursos e com a pandemia, seguimos com o nosso trabalho. Como pesquisador na área de ciências planetárias, tenho quase 30 anos de atividades. Algum abençoado lembrou do meu nome”, brinca o professor. “Puxa, vocês já ouviram falar do meu trabalho aqui na Escola dos Astros… O trabalho agora vai ter como crescer, junto com a universidade”, diz Nelson Callegari Jr.
A pesquisa do professor de 51 anos mira a dinâmica orbital de satélites naturais dos chamados planetas gigantes do Sistema Solar (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno), e, mais especificamente, a dinâmica ressonante de pequenos satélites e particular no sistema interior de Saturno.
Graduou-se em física pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e concluiu o mestrado e o doutorado em ciências pela USP, com ênfase em astronomia.
Ingressou na Unesp em 2009, após dois estágios de pós-doutorado com projeto regular da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Ele admite ter uma “veia extensionista” apurada, que tem origem no início de sua trajetória como docente e pesquisador. Callegari Jr. acredita que as universidades têm muito a oferecer em termos de conhecimentos e método científico além dos muros.
Escola dos Astros
“A primeira ideia de criar a Escola dos Astros surgiu a partir de uma veia extensionista que eu tenho. Estou certo de que as escolas precisam muito deste apoio, deste complemento científico. Durante a minha graduação, na UFSCar, fui bolsista no observatório de São Carlos. Lá, vi o quanto isso era importante. Aí pensei que, se um dia eu fosse professor universitário, retribuiria o que recebi nesta experiência e montaria um observatório atendendo o público. É o que eu estou fazendo, muito contente”, afirma o professor, que é chefe do Departamento de Estatística, Matemática Aplicada e Computação do IGCE.
Por tradição, os pequenos astros como asteroides, cometas e meteoros são nomeados por indicação dos cientistas da área em homenagem a quem já possui um trabalho consolidado no campo da astronomia.
Os pequenos corpos celestes costumam ser nomeados apenas após um período relativamente longo de observações, que permita algum tipo de análise de sua órbita. É o caso do (30452) Callegari, descoberto há 23 anos.
Uma vez atribuídos, os nomes dos corpos celestes têm caráter permanente, como no caso do Cometa Halley (homenagem ao astrônomo e matemático Edmond Halley), um dos casos mais populares de nomenclatura de pequenos corpos celestes.
Na Unesp, que tem grupos consolidados no ensino, na pesquisa e na extensão universitária no campo da astronomia, o professor Nelson Callegari Jr. não é o primeiro docente homenageado com tal distinção.
Em 2017, os docentes Silvia Giuliatti Winter, Othon Winter e Valério Carruba, todos da Faculdade de Engenharia e Ciências (FEG) do câmpus de Guaratinguetá, nomearam os asteroides (10696) Giuliattiwinter, (10697) Othonwinter e (10741) Valeriocarruba, respectivamente. Em 2021, foi a vez do professor Rafael Sfair, também da FEG, dar nome ao asteroide (43414) Sfair.
Fonte: https://jornal.unesp.br/2023/06/23/asteroide-recebe-nome-de-professor-do-instituto-de-geociencias-e-ciencias-exatas-da-unesp/