O vendedor ambulante José Antônio de Souza chamado também de “Zé da Vela”, de 67 anos, atua vendendo velas em frente ao Cemitério Municipal São João Batista há 53 anos em Rio Claro. É muito conhecido pela cidade e por quem passa por ali. Se tornou exemplo pela garra de não desistir da vida e do trabalho, mesmo com a dificuldade de saúde procurou uma maneira de se ocupar e trabalhar, é inspiração para muita gente. “Eu tenho muito orgulho do meu pai, ele me inspira muito, tem muita força de vontade”, disse a filha Cintia Souza.
O José teria todos os motivos para se acomodar, Ele foi acometido pela poliomielite aos quatro anos de idade, aos 13 passou a precisar da cadeira para se locomover. Como salienta, quando criança, não existia a vacina para prevenir a doença. “Tive uma febre, morávamos no sítio, não tinha recurso de nada e quando minha mãe foi ver eu estava com a paralisia. Depois com 10 anos, minha mãe me levou para Ribeirão comecei a fazer cirurgia, hoje tenho 35 cirurgia, se naquele tempo tivesse a vacina, podia ser que eu não tivesse sofrido isso”, alerta.
Hoje, vendo o cenário da baixa taxa de vacinação entre as crianças e o temor pela volta da doença que foi erradicada no país há quase de 30 anos, José, faz um apelo. “Os pais precisam ter consciência ou eles preferem ver o filho numa cadeira de rodas? Ou numa cama, ou num hospital? Eles decidem”, ressalta.
Apesar do grande entrave da vida, decidiu dar um novo rumo para sua história. Senhor José nunca se deixou abalar diante das dificuldades, não viu a paralisia como um obstáculo, desde os 13 anos começou a trabalhar como ambulante e de lá para cá, ou seja, há 53 anos, não tem um dia se quer que não realiza o seu ofício, a venda de velas na porta do Cemitério Municipal São João Batista, um complemento para o baixo salário da aposentadoria que recebe. “Nunca tive preguiça, o que eu mais gosto na minha vida é ficar aqui. Conheci muita gente boa também que já passaram e me ajudaram e muitas já estão aqui dentro. Nunca vi como uma dificuldade”, diz.
Mas deixa claro. “Eu não desisti, não me entreguei, mas poderia ter sido diferente se eu não tivesse tido a paralisia infantil, hoje temos como prevenir com a vacina que foi implantada há tantos anos, precisamos ter consciência para que ela não volte, proteja as crianças”, orienta.
A POLIOMIELITE – PARALISIA INFANTIL
Conforme destaca a Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz, a poliomielite, também conhecida como paralisia infantil ou simplesmente pólio, atinge geralmente as crianças e é causada pelo poliovírus. A transmissão acontece quando as fezes infectadas entram em contato com a boca, mas, em casos raros, o contágio também acontece pelo ar. O vírus da pólio se desenvolve na garganta ou no intestino e é disseminado pela corrente sanguínea. Ao chegar ao sistema nervoso central, o vírus ataca neurônios e provoca a paralisia dos membros inferiores e superiores. Nos casos mais raros, a doença pode levar à morte. O Brasil não detecta casos de poliomielite desde 1989, já em 1994, recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) a certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem.
A melhor forma de prevenir é a vacina, que é segura e não tem contraindicações. Todas as crianças menores de 5 anos, inclusive aquelas que já tomaram a vacina em outras ocasiões, devem ser vacinas novamente, de acordo com o Ministério da Saúde.
A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite foi criada em 1980, com o objetivo de imunizar toda a população infantil brasileira. A doença já foi erradicada das Américas, mas ainda persiste em países como Afeganistão, Índia, Nigéria e Paquistão. Além do Brasil, 42 países realizam campanhas contra a poliomielite. O Ministério da Saúde alerta que uma pessoa em viagem de turismo ou negócios pode levar o vírus para outros países. Por isso, mesmo com o certificado de erradicação do poliovírus selvagem em todo o continente americano, as campanhas devem permanecer no Brasil, como medida de segurança para a saúde.
Unidades de saúde atualizam vacinação de crianças e adolescentes
As unidades básicas de saúde e unidades de saúde da família de Rio Claro realizam vacinação para colocar em dia a caderneta de crianças e adolescentes menores de 15 anos. Até a manhã desse sábado (8), Rio Claro tinha apenas 35% de cobertura vacinal contra a pólio, sendo que a meta é de 95%.
Até 31 de outubro, a vacinação também é realizada de segunda a sexta-feira a partir das 7h30 nas unidades básicas de saúde e unidades de saúde da família. Nas unidades dos bairros Mãe Preta, Bonsucesso e Terra Nova a vacinação é até as 18h30, e nas demais unidades de saúde do município a vacinação é até as 16h30. Não há vacinação nas unidades do Boa Vista, Guanabara e São Miguel.
Autoridades de saúde
Autoridades de saúde temem a volta da doença que pode levar a morte, ou deixar a pessoa sem andar, além de outras consequências. A poliomielite foi erradicada há mais de 30 anos após o fornecimento da vacina que previne a paralisia infantil, como também é conhecida.
Por Janaina Moro / Foto: Diário do Rio Claro