Sirius, a estrela mais brilhante, aponta para Órion no céu noturno austral nesta época do ano, juntamente com o asterismo das Três Marias, o pinheiro de Natal Híades (aglomerado aberto em Touro), e as Plêiades, que é o trenó do Papai Noel, todas anunciando a iminência do Natal.
O Sol nesta época atinge a máxima declinação sul, 23,5º, o solstício de verão, que ocorre no dia 21 de dezembro, às 19h23. Com isso, os dias com radiação solar ficam mais longos e os dias sem radiação solar mais curtos. Apesar do verão ser uma época de muitas chuvas, tempo instável e com noites curtas, a apreciação das estrelas, constelações, planetas e demais fenômenos dessa época são bem marcantes. As constelações de verão austral são extremamente ricas de detalhes, história e cultura.
Figuras mitológicas, tanto as ocidentais gregas, como as indígenas brasileiras Tupis/Guaranis, são excelentes para estudo e aprendizado para quem quer conhecer o céu noturno. Órion, que na mitologia grega é o grande caçador, e para os índios brasileiros faz parte da constelação do homem velho, que surgia na segunda quinzena de dezembro, indicava o início do verão para os índios do sul e o início da estação chuvosa para os índios do norte e nordeste, demonstrando um grande conhecimento por partes dos nossos índios dos fenômenos celestes.
Órion é notável, conhecida pelas crianças e adultos, cheio de estórias, com as imponentes estrelas Rigel e Betelgeuse, a alfa de órion, juntamente com Bellatrix e Saiph, compondo seu quadrilátero principal. Já o asterismo das Três Marias que, importante ressaltar, não estão no mesmo plano e sim em distâncias diferentes, mas enxergamos como que se elas fossem próximas e no mesmo plano do céu, são Alnitak, Alnilam e Mintaka com brilho similar, sendo o cinturão do caçador e, na cultura indígena, a perna esquerda do homem velho.
Segundo contam nossos antepassados, representa um homem cuja esposa estava interessada no seu irmão e, para ficar com o mesmo, cortou-lhe a perna, assim os deuses ficaram com pena e o transformou em uma constelação. Muitos fenômenos importantes são crivados na abóbada celeste no mês natalino, como a chuva de meteoros geminídeas, que tem seu ápice nos dias 13 e 14 de dezembro, quando Terra passa pelos detritos deixados pelo objeto 3200 Phaeton.
Neste ano, essa chuva terá como companheira a Lua em fase crescente, o que pode dificultar sua visualização, mas aguarde que ela se ponha a partir da meia-noite e aprecie os meteoros brilhantes dessa chuva riscando o céu. Geminídeas é um ótimo fenômeno para iniciantes em observação astronômica a olho desnudo pelo fato da fácil visualização e o montante dos componentes ionizados dessa chuva. Portanto, observar o céu noturno é cultura, conhecimento e uma forma de verificar a nossa ínfima importância no universo pela sua magnitude, mas que, para nós, habitantes do planeta azul, é a nossa única morada até o momento, fazendo-nos refletir sobre como tratar melhor nosso planeta.