Na contramão do cenário mundial, que prevê uma queda de 80% na movimentação da economia do turismo em 2020 – maior impacto desde a Segunda Guerra Mundial, Brotas dá sinais, em plena baixa temporada, de aquecimento da atividade. Mesmo no período de restrições por conta da pandemia, a atividade turística apresentou forte recuperação no mês de junho, quando teve início a retomada consciente.
Balanço divulgado pela Secretaria de Turismo de Brotas aponta que no primeiro semestre foram arrecadados R$ 443.154,75 referentes ao ISS – Imposto Sobre Serviços somente nas atividades turísticas, maior termômetro do comportamento do setor. O montante é 27% inferior se comparado ao mesmo período de 2019, quando foram direcionados R$ 614.454,00 aos cofres públicos.
Entres os meses de março e maio, Brotas sofreu uma baixa expressiva na movimentação da atividade turística. “Nos antecipamos com as medidas de distanciamento social e o período mais contundente de quarentena foi um duro golpe na economia, mas sabíamos que era necessário para que a retomada ocorresse dentro do esperado”, afirma Fabio Pontes, secretário de Turismo de Brotas.
A arrecadação com ISS no mês de junho é o indicador que demonstra o quanto a recuperação ocorreu rapidamente. O total registrado é de R$ 59.137,16, recuo de 24% em relação a junho de 2019, que totalizou R$ R$ 78.755,16, mas muito acima do volume registrado em maio, de pouco mais de R$ 1,5 mil. “É um indicador a ser comemorado se analisarmos o cenário e, ainda, por tratar-se de um período de baixa temporada para Brotas”, explica o secretário.
Perfil
A procura por Brotas atende a perfis específicos. No período inicial do novo normal, a visitação ocorre principalmente nos finais de semana por famílias de Bauru, Campinas, Ribeirão Preto e Piracicaba. Aos poucos, começam a vir turistas de localidades mais distantes, como São Paulo.
“São grupos de familiares, que têm mais liberdade em praticar atividades em conjunto como ir a um restaurante ou ocupar um bote para a prática de rafting. O gasto médio por dia de cada turista, o que inclui hospedagem, passeios e alimentação, gira entre R$ 400 e R$ 500”, observa Pontes.
Rodrigo Camillo, proprietário do Restaurante do Camillo, viu o seu restaurante atingir ocupação total, dentro da margem de redução estipulada no protocolo, a partir de julho. Além do distanciamento das mesas, circular pelo estabelecimento é permitido somente de máscara, que podem ser tiradas na mesa.
Para o serviço de buffet, o consumidor recebe luvas. É possível consultar as opções de pratos do próprio celular, já que o cardápio é acessado por leitura de QR Code. “O novo normal trouxe mudanças no comportamento dos turistas e da cadeia de serviços que têm sido seguidas sem dificuldades. Algumas práticas, como o cardápio virtual, vamos manter até quando a pandemia acabar”, destaca o empresário.
A movimentação do ecoparque Viva Brotas nos últimos dois meses é um reflexo da retomada das atividades turísticas. Bastante procurado por casais e famílias, o negócio oferece a principal característica esperada por quem quer viajar: ambientes bastante abertos. Desde a hospedagem, nos chalés, glamping ou tendas, até os passeios nas trilhas de cachoeiras ou para a prática de rafting, práticas criteriosas garantem o distanciamento social e a higienização.
“Adotamos sistemas de desinfecção dos quartos, áreas de convivência e dos equipamentos para a prática de rafting e tirolesa que são referência no padrão de higienização de ambientes hospitalares. Os visitantes estão bastante seguros e respeitam cada regra. O resultado é um aquecimento gradual na atividade turística, que esperamos estar consolidado ainda neste ano”, avalia Rafael Barbieri, proprietário do ecoparque Viva Brotas e presidente da Abrotur – Associação de Empresas de Turismo de Brotas e Região.
Capacidade
Brotas amplia gradativamente a capacidade de ocupação nos atrativos, restaurantes e na rede hoteleira. O comitê municipal de enfrentamento à Covid-19, que integra o gabinete da prefeitura e as secretarias municipais de Turismo e de Saúde, em vista da baixa taxa de casos confirmados, ampliou a demanda da atividade de 50% para 70%.
Conforme explica Fabio Pontes, a decisão é tomada com cautela e monitoramento diário do quadro. “Nesta fase de retomada, verificamos que não houve qualquer intercorrência que apontasse um risco de contágio atribuído à atividade turística. Estamos confiantes de que, com todos os protocolos e a atuação sinérgica do poder público com o empresariado, somada à consciência demonstrada pelos turistas, esta escalada será contínua e em breve teremos a movimentação restabelecida, sempre com prioridade para a segurança da população e de nossos visitantes”, ressalta.
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