Ser feliz e grata são alguns dos segredos de longevidade de Florisa Camargo Guilherme, de 103 anos, que recebeu o Diário do Rio Claro em sua residência na manhã de sexta-feira (21), um dia após a sua mais recente viagem. No feriado (20), foi com o grupo da 3ª idade “Conviver” para Monte Sião. Na casa, fomos recebidos com um belo sorriso e até um cafezinho, que ela deixou claro não tomar muito, porém, foi para a cozinha preparar.
Animada, disposta e com uma vitalidade invejável. Aliás, deixou claro que preguiça nunca fez parte do vocabulário e muito menos de sua vida. Outra característica que ela destaca é a sinceridade. Durante a entrevista, estava acompanhada da filha Célia Guilherme Marcondes, que disse que, mesmo aos 76 anos, é cobrada pela mãe. “Ela é mandona, às vezes tem que ser do jeito dela. Tenho que avisar quando saio e a hora que chego”, disse.
Neste momento, a conversa é interrompida por Florisa, que pergunta se é mesmo mandona e faz questão de ressaltar que tudo é por cuidado e preocupação com os filhos.
Nascida em Rio Claro no dia oito de novembro de 1916, estudou no Colégio Joaquim Ribeiro, casou com o primeiro namorado, com quem teve quatro filhos: Célia, Eduardo, Nilva (falecida) e Ana Maria. A união durou 50 anos, até o falecimento do marido. Tem três netos e três bisnetos. Atuou como costureira e declarou que o maior orgulho foi a casa própria que ela mesma construiu com o marido e onde mora até hoje.
E se ao 103 anos alguém duvida da boa memória, ela prova que está muito bem ao contar sobre o relacionamento. “Eu morava na Rua 5 com a Avenida 10 e o via passando, eu já achava bonito, mas respeitava o meu pai. Até que um dia ele pediu se podia falar comigo e meu pai autorizou. Nos casamos em 16 de janeiro de 1941 e ficamos até 29 de agosto de 1991, quando ele faleceu. Foram 50 anos e nove meses casada, feliz, só ele de namorado e de marido. Sempre juntos, nos amávamos muito”, contou.
Um dos assuntos preferidos é a política. E ficar em casa sem fazer nada não está entre suas preferências. Adora passear, viajar, animais, flores, receber visitas, e amizades. O que ela não gosta? De reclamação, falar de doença e medicamentos. Segundo ela, toma apenas um remédio de homeopatia. Destaca que tem muita fé e não deixa de fazer orações, inclusive para o Brasil. Confira a entrevista:
Diário: A senhora disse que gosta de política, acompanha o cenário nacional?
Florisa: Eu aprovo o Bolsonaro. Não votei, mas fiz campanha e orei muito para ele. Eu oro para ele até hoje. Tem muita ideia boa. Deus colocou ele lá. Gosto também do Sérgio Moro.
Diário: Em Rio Claro o que a senhora acredita que precisa melhorar?
Florisa: Precisa melhorar a iluminação, aqui na rua tá muito escuro.
Diário: Qual o segredo da vitalidade?
Florisa: Nunca coloquei uma gota de álcool na boca, fico triste de ver muita gente bebendo. Nunca fumei. Não como carne vermelha. Minha alimentação é boa, tomo vitamina com aveia. Não ter preguiça, ter disposição e ter muita fé.
Diário: A senhora é feliz?
Florisa: Sempre me considerei felicíssima, só de ter Deus eu já sou feliz. Agradeço todos os dias, oro toda manhã por meia hora, pela família pela minha cidade, meu Brasil, e inimigos que não sei se tenho, pelos enfermos, pelos meus filhos. Desde os 13 anos, eu ajudava minha mãe a fazer todo serviço da casa, trabalhei 35 anos na máquina de costura. Sempre fui trabalhadora. Não gosto de gente preguiçosa.
Diário: O que a cidade de Rio Claro representa?
Florisa: Não tem como nossa cidade, eu amo Rio Claro. Eu gosto tanto de Rio Claro que não dá para escolher alguma lembrança.
Diário: Um das coisas que mais gosta é viajar?
Florisa: Fiz vários passeios, gostei de ir para o Rio Grande do Sul. Ainda vou passear muito, quando não der mais, prefiro morrer. Gosto de ir na igreja Presbiteriana de onde sou desde o ventre da minha mãe. De comer gosto de banana prata. Adoro conversar, mas não bobagem.
Diário: A senhora relatou muito a relação com os filhos, qual o conselho para os pais?
Florisa: Hoje está faltando atenção e diálogo dos pais. Os filhos de hoje, um almoça em cada canto, um na tv, celular, computador. Oriento amar os filhos e conversarem mais, ouvirem os filhos. Eu tenho orgulho dos meus filhos, nunca me deram trabalho.
Diário: Qual a mensagem para os leitores?
Florisa: Que a vida é bela, sorria e que tudo posso Naquele que me fortalece: Deus