Lula continua na cadeia, cumprindo pena, a seleção está fora da Copa, o desemprego continua e a indústria afundou com a greve dos camioneiros. Mas não adianta chorar. Parece ser hora de perguntarmos a nós próprios o que podemos fazer para melhorar nossas vidas, tornar este país mais seguro, mais previsível, mais honesto, menos desorganizado, mais saudável; em suma, um lugar mais fácil de nele viver. A tentação é apontar como solução um lugar-comum.
Indicar que o voto certo, dentro de três meses, vai resolver.
Mas não adianta só apostar num candidato a presidente. Ele não fará o milagre necessário.
Precisamos nos perguntar antes o que cada um de nós pode fazer, com atitudes cidadãs no geral e com inteligência e aplicação nos nossos objetivos, no particular. Se cada um de nós der certo, seremos as células do corpo do país que agirão para melhorar a vida.
Sexta-feira, depois do jogo com a Bélgica, as bandeiras brasileiras começaram a ser retiradas dos carros, das lojas, dos bares, das janelas.
Meu sonho é que sejam guardadas com o carinho com que se trata o maior símbolo da País, para desfraldá-las novamente no dia 1º de setembro, no início da Semana da Pátria, não como flâmula de uma equipe de futebol, mas como bandeira que nos une, mais de 200 milhões de brasileiros, neste território de 8 milhões e meio de quilômetros quadrados.
É um sonho e uma saudade de meus tempos de criança, nos anos 40, quando na Semana da Pátria a cidade se enfeitava de verde, amarelo, azul e branco.
Os três poderes da República estão enfraquecidos, pela corrupção, a burocracia, o individualismo, o fanatismo. A cidadania também está enfraquecida pelo analfabetismo funcional, a cultura da esperteza, o medo, o desprezo pelas leis e regras de convivência civilizada.
Certamente o leitor que não sonega, não passa no sinal vermelho, não estaciona no lugar proibido, que paga suas contas em dia, que respeita os vizinhos, que cumpre seus deveres profissionais, ou seja, que não faz parte das mazelas que acometem nosso país, também deve estar preocupado como eu.
Nossos filhos e netos, em que tipo de país vão viver – ou vão apenas sobreviver?
As eleições são um instrumento democrático, mas as redes sociais e as ruas também o são. E há um outro instrumento: a vontade de cada um, em apostar em si de modo altruísta, sem egoísmo.
O que for bom para cada um, que seja também bom para o país. Os corruptos que estão na cadeia ou ainda vão acabar nela, raciocinaram apenas no que seria bom para eles, suas empresas e seus partidos. Mas fizeram um mal enorme para o país.
Os que dão mau exemplo para os outros, inclusive para seus filhos, fazem mal para a sociedade e seus descendentes. É preciso parar de falar em ética e agir com ética.
É preciso parar de trombetear democracia e exercer a democracia da igualdade, da justiça, das leis, do respeito ao que estiver um centímetro além do umbigo de cada um.
Por Alexandre Garcia
O problema é o povo brasileiro, que não sabe votar. Só isso. Durante o regime militar, reclamava-se (com razão) que não se tinha verdadeiro direito a voto. E agora, por que escolhem representantes corruptos e incompentes?