Estamos vivendo os últimos dias da chamada estação de inverno, dias totalmente atípicos, calor bem acima da média, humidade do ar na casa dos 22%. Quando deveria ser no mínimo de 40%, e sem perspectivas de chuva.
Somos, em boa parte, o grande vilão desta história, estamos destruindo a natureza, e ela está mandando a conta.
Desde a crise hídrica de 2014/15, as bacias PCJ convivem com a necessidade de prever os reflexos dos eventos extremos. A revisão do plano de bacia sinaliza que a demanda por mais água aumentará, além da necessidade de ampliação de metas de saneamento.
Os cenários futuros simulados na revisão do plano apontam que a demanda por água na região deverá passar das projeções atuais, em 39.40m3/s, para 63 m3/ por segundo, em 2035.
Nos estudos do professor de hidrologia e recursos hídricos da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Dr. Antônio Carlos Zuffo, afirma que historicamente a região das bacias ‘PCJ’ são acometidas pelos fenômenos “JOSÉ” (mais seco) e “NOÉ” (mais chuvoso). Cada uma destas fases possui um período não exato de 35 a 50 anos.
Com base neste modelo, Dr. Zuffo acredita que em 2035 possivelmente a bacia “PCJ” vivenciará um clima como o observado entre as décadas de 1936 a 1975, portanto, com chuvas menos intensas.
Esse período foi quando a região sofreu até então a pior crise hídrica da história já registrada, entre os anos de 1953/1954, que acabaria sendo superada pelos eventos climáticos extremos de 2014/2015.
Como tivemos estiagens severas em 1912, 2003 e 2014, projetamos uma nova grande seca entre os anos de 2025 e 2027, já que elas têm ocorrido num período médio de “11 em 11” anos, alerta o Dr. Zuffo.
Nossa situação não é muito animadora, precisamos de mais chuvas, reflorestar nossas nascentes, córregos, rios. Nossos municípios perdem cerca de 30% a 40% da água tratada por problemas em adutoras e redes de fornecimento domiciliares em mau estado.
Cerca de 50% de nossos municípios não dispõem de saneamento básico, todo o esgoto é lançado, muitas vezes, a céu aberto, em córregos e rios, de onde extraímos a água para ser tradada e consumida pelo ser humano.
Felizmente, a tecnologia começa ajudar a natureza, gerando um novo mercado chamado de “águas de reuso”.
Exemplo disso é a estação produtora de água de reuso, a “EPAR” Capivari 2, da Sanasa de Campinas, que tem a capacidade implantada para o tratamento do esgoto despejado por aproximadamente 90 mil habitantes, cerca de 648 m3/ por hora de vazão, proveniente da região centro-oeste do município.
A tecnologia empregada.
Na purificação da água nesta estação é uma das mais modernas do mundo, com o uso de membranas filtrantes que possibilita a remoção de vírus, bactérias, sólidos e nutrientes, deixando a água com 99% de pureza.
A produção de água de reuso para utilização das empresas instaladas no parque industrial de Campinas proporciona a redução de captação de águas dos rios Atibaia e Capivari. Está sendo estudada a disponibilidade dessa água para o aeroporto internacional de Viracopos.
Outro bom exemplo é o projeto Aguapolo, uma parceria entre a “BRK” Ambiental e Sabesp, que fornece por contrato 650 litros/por segundo de água de reuso para o polo petroquímico da região do ABC de Paulista.
Este sistema tem possibilidades de aumentar a produção de água até 1.000 (hum mil) litros por segundo, representado também um lucro maior para o investimento.
SEM ÁGUA… NÃO HÁ VIDA…