O câncer de pulmão é uma das principais causas de morte no Brasil. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 30 mil pessoas perdem a vida por causa da doença no país. De acordo com a oncologista torácica Suellen Nastri, da BP (Beneficência Portuguesa de São Paulo), um dos principais hubs de saúde de excelência do Brasil, mais de 80% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao tabagismo: “Além do cigarro convencional, outros fumos como o charuto, o cachimbo, cigarros eletrônicos e narguilé são extremamente nocivos para a saúde”, explica.
A campanha Agosto Branco busca conscientizar as pessoas sobre a prevenção dessa doença, que é o terceiro tipo de tumor mais comum em homens, com 18.020 casos novos, e o quarto em mulheres, com 14.540 casos novos ao ano – excluindo o câncer de pele não melanoma. A OMS considera o tabagismo uma epidemia, uma vez que 8 milhões de pessoas morrem por ano, direta ou indiretamente, devido a esse vício.
O câncer de pulmão pode ser assintomático nos estágios iniciais, o que leva à maioria dos diagnósticos em estágios avançados. Identificar a doença precocemente aumenta as chances de cura. “Geralmente, as fases iniciais não provocam nenhum sintoma, somente em etapas mais avançadas o paciente passa a sentir dores toráxicas, tosse, falta de ar, escarro com sangue, emagrecimento, falta de apetite, indisposição, entre outros”, conta Suellen.
Ex-fumantes devem ficar sempre atentos e fazer exames periódicos: “O acompanhamento é fundamental para ex-tabagistas, em especial aqueles que possuem alta carga tabágica, que fumaram mais de 20 maços por ano. Esses pacientes têm a maior probabilidade de desenvolver a doença”, aponta a especialista.
Por que transplante não é uma opção?
A questão de transplantar o órgão afetado como uma solução para a doença é uma dúvida comum entre os pacientes. A oncologista alerta sobre os riscos do procedimento. “Os pacientes que são transplantados são obrigados a usar medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do órgão doado. Dessa forma, se ainda houver células cancerosas no organismo, a reprodução dos tumores será ainda mais rápida, podendo causar metástase ou reincidência da doença”, detalha a médica.
Novidades terapêuticas
O tratamento para o câncer de pulmão vai depender do estágio e da extensão da doença. “As modalidades de tratamento para esses pacientes geralmente envolvem cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia alvo ou imunoterapia. Cada caso é único e o médico deverá seguir o que for melhor para o paciente”, explica.
A edição 2023 da Asco (American Society of Clinical Oncology), maior congresso de oncologia do mundo, trouxe interessantes atualizações nos tratamentos relacionados ao câncer de pulmão.
“Um dos achados importantes foi sobre o uso de terapia-alvo para pacientes com doença localizada, especialmente aqueles em fase inicial e com a mutação do EGFR, um biomarcador de um subtipo de câncer de pulmão. Esse grupo obteve benefícios em termos de sobrevida global com uso de uma medicação específica inibidora do EGFR, como tratamento complementar à cirurgia e quimioterapia pós cirurgia”, destaca a médica.
Por fim, Suellen pontua que para evitar a doença é necessário não fumar, evitar o abuso de bebidas alcoólicas, reduzir o consumo de açúcares, gorduras e comidas processadas, não optar por alimentos ricos em sódio e conservantes, além de praticar atividades físicas diariamente.