Acelera Tici: Mil e uma histórias
O ano novo nem bem começou e os motores no Dakar já vão soando alto. Já na sua 47ª edição, o Rally mais famoso do mundo continua na Arábia Saudita pela sexta vez consecutiva. Os difíceis e exaustivos desertos sauditas serão mais uma vez o pano de fundo de uma das corridas mais icónicas do automobilismo. O Diretor da Prova, o francês David Castera (melhor colocação no Dakar 3º em Motos e em Carros) desenhou um percurso em que a tática e a estratégia de navegação farão a diferença.
O Prólogo partindo da cidade de Bisha aconteceu ontem (sexta-feira), dia 3. Depois dele serão 12 etapas num total de 7.706 km, dos quais 5.146 cronometrados, com os concorrentes cruzando a linha de chegada em Shubaytah, em pleno deserto do Rub’ al-Khālī, conhecido como Empty Quarter na sexta-feira, 17 de janeiro. Um deserto que mede 1000 km por 500 km, com dunas de até 250 metros de altura! Qualquer coisa como um prédio de 80 andares.
Também este ano teremos pela frente a etapa de 48 horas (logo no início, dias 5 e 6 de janeiro) com um acampamento noturno no deserto, bem como a prova Maratona, que colocará à prova veículos e tripulações, Serão 1.057 km incluindo 965 km de especial para percorrer em dois dias, todos tendo que parar obrigatoriamente às 17h do dia 5 de janeiro antes de partir na manhã seguinte.
Mas a grande novidade serão as etapas em que carros, motos e caminhões, por questões de segurança, enfrentarão percursos diferentes. Durante aproximadamente 45% do Dakar os protagonistas das duas e quatro rodas competirão em estradas diferentes. Isto significa que a navegação terá um papel crucial, pois os carros não terão os rastros anteriormente deixados pelas motos. Precisamente nestas circunstâncias, eventuais erros de navegação vão ser decisivos. Largar na frente já não é mais uma opção tão boa assim.
Desafios de resultados
Além dos obstáculos da Natureza algumas marcas estão próximas de serem alcançadas e superadas:
– O recorde de 50 vitórias em especiais que pertence a Ari Vatanen (o Finlandês Voador original) e Stéphane Peterhansel (o Monsieur Dakar, que não estará na disputa depois de 36 anos seguidos) na categoria de carros está ameaçado por Nasser Al-Attiyak que já tem 47 vitórias no seu bolso.
– O espanhol Carlos Sainz (El Matador) tem 42 vitórias de etapas e aritmeticamente falando pode também chegar ao recorde, mas para isso teria que vencer nove das 12 etapas. Difícil.
– Já o francês Sébastian Loeb (nove vezes Campeão do Mundo de Rally de Velocidade) não venceu ainda o Dakar, mas acumulou 28 vitórias em etapas e está de olho nas 29 vitórias do belga Jacky Ickx (aquele mesmo da F1)
Desafios dos carros
A Audi, vencedora em 2023, abandonou para se concentrar na F1 (vai Bortoleto!), no seu lugar chegaram a Dacia (montadora da Romênia que pertence ao Grupo Renault) e a Ford.
A Dacia, além de contratar Nasser Al-Attiyak e Sébastien Loeb foi fazer o seu carro na Inglaterra na Prodrive aproveitando o protótipo de 2024 o Hunter. Agora usa um motor V6 de 3 litros, bi turbo com 360 Hp e inaugura uma novidade que é suspensão nos bancos em caso de acidente.
A Ford contratou Carlos Sainz e fez os seus carros nos Estados Unidos usando um motor aspirado V8 de 5 litros (o famoso Coyote que até Fórmula Indy já fez) com 375 HP
A Mini (vencedora anos atrás com motores diesel) melhorou o sue projeto e colocou um motor de 6 cilindros em linha de 3 litros turbo com 360 HP
A Toyota fabricada na África do Sul aposta no nosso brasileiro Lucas Moraes e na melhoria da sua camionete com motor V6 bi turbo de 3 litros com 370 HP. Um carro muitas vezes campeão do Dakar e aperfeiçoado a cada ano
Temos ainda que falar do Century também da África do Sul que não tem apoio de fábrica, mas tem, entre outros, o brasileiro Marcelo Gastaldi e um carro rápido o CR7 com motor Audi V6 bi turbo de 3 litros e 380 HP
Desafio das nações
Os franceses, inventores do Dakar e dos Rallys desse estilo, são mais uma veza maioria dos concorrentes. Cresceu muito o número de americanos (graças ao sucesso que o Dakar tem através de grandes audiências nas diferentes mídias) e o de concorrentes da África do Sul, com a quantidade de carros que é feita por lá.
A legião de brasileiros diminui um pouco, mas temos o Lucas Moraes na Toyota e candidato à vitória. Seu pai Marcos faz sua estreia também de Toyota com navegador brasileiro também, o Maykel Justo. O Marcos Gastaldi (no ano passado de UTVs Challenger) como já comentei, está em um Century CR7 e ainda temos o Cadu Sachs como navegador do português Gonçalo Guerreiro, dupla candidata à vitória.
Como foi o prólogo disputado ontem
Eram apenas 29 km, mas muito difíceis e mostrando que nos dois primeiros dias o piso com muitas pedras vai influir muito nos resultados. Entre os 10 primeiros 4 Toyota, 2 Ford Raptor, 2 Dacia Sandriders, um Mini e um Century. A classificação está no quadro. O Brasil, entre os carros, terminou em 8º com o Lucas, em 20º com o Gastaldi, em 39º com o Marcos (que deve ter tido problema ou pneu furado) e em 2º na Categoria Challenger dos UTVs mais velozes.
Vale lembrar que o Prólogo serve apenas para determinar a ordem de partida da Especial 01deste sábado, os tempos realizados não contam para o resultado final. Melhor para quem perdeu tempo.
Enquanto isso, longe do deserto
Até a F1 está quietinha, vivendo de suposições e se preparando para daqui a duas semanas apresentar os carros 2025 coletivamente. Nós continuamos atentos. Um ótimo ano para todos e até a semana que vem!
Por Ticiano Figueiredo / Fotos: Divulgação