
Acelera Tici: 10.000 horas de voo!
Quando criança eu fiquei assustado com as cifras que envolveram a transação do Ronaldinho com o PSG e perguntei à minha mãe: por que ele ganhou esse tanto de dinheiro, mamãe? Ela me respondeu rápido: porque ele tem um dom, meu filho!
Crescemos acostumados a ver nossos atletas acreditarem no dom e nos encherem de alegria. Foi assim na Copa de 1994 e de 2002. Mas o mundo mudou e veio o Cristiano Ronaldo para provar que dom “se compra”. Mesmo não nascendo com um dom para algo, você poderá se tornar o melhor naquilo que faz desde que se dedique e tenha foco. São mais de dez mil horas de voo para começar a ser bom em algo.
Digo isso porque vi (a contra gosto!) o começo da 7ª temporada de Drive to Survive e me chamou muito a atenção o 2º episódio, que fala um pouco sobre a vida e o ano de Lando Norris.
Lando, de cara, se destacou em sua primeira temporada, tanto que numa certa corrida, disputando posição com Lewis, recebeu, via rádio, para que todos ouvissem um elogio de seu compatriota: “Que baita piloto esse Lando Norris!” (detalhe que tal elogio nunca foi retribuído àquele que é considerado um dos maiores piloto de todos os tempos…)

Seis temporadas depois, assistimos Verstappen (também um dos maiores pilotos de todos os tempos!) e alguns outros profissionais, explicando a dificuldade de Lando para ser campeão: o estilo de vida!
Norris aparece no episódio quase que se vangloriando por ter machucado um nariz enquanto bebia, brincava de ser DJ e se divertia numa festa dias antes do GP de Miami de 2024. Deu certo, ele ganhou o GP, mais por lance de sorte do que pela pilotagem. Mas, como todos sabem, ao final, perdeu o campeonato…
Por estar presente no meio, seja como convidado, jornalista ou torcedor, já podemos sentir o frisson que é a F1, imagino a tentação de um jovem piloto… é muito grande! E em época de quaresma essa palavra ganha ainda mais destaque… Festas, glamour, namoros, holofotes… Você é um que ocupa uma das únicas 20 cadeiras que 6 bilhões de pessoas gostariam de ocupar. Só uma coisa é melhor do que isso: ser campeão, porque aí você ocupa a única cadeira disponível entre os 20. Mas para isso acontecer não adianta apenas ser bom – os outros 19 também são – é preciso altas doses de foco, determinação, sacrifício, resiliência, trade-off… Como tudo na vida.

Você não vai ser um grande médico, apenas frequentando a faculdade de Medicina; você não se tornará um grande advogado apenas se formando em Direito; você não irá desenvolver um aplicativo disruptivo apenas estudando ciências da computação. Para ser o melhor no que se faz é preciso sacrificar finais de semana, festas com os amigos, tempo com a família (lembrando que tudo o que se está fazendo é para e por eles), viagens e…as tentações! Assim o fez Lewis, Verstappen, Senna, Schumacher, CR7, Pelé e um jovem do qual ainda ouviremos muito falar no Brasil, no meio empresarial e, quem sabe, politico, chamado Mateus Costa Ribeiro (não deixem de procurar no Google!)
Digo isso do alto dos meus 40 anos quando – com uma carreira já estruturada no Direito e no mercado da advocacia, depois de muito foco, trabalho, persistência e compromisso – com o apoio dos meus sócios, resolvi fazer algo diferente e vim para Boston, com a minha família, voltar a ser estudante e passar 2 anos no MIT, aprendendo sobre gestão e o uso de Inteligência Artificial, buscando soluções que possam ampliar e democratizar o acesso à Justiça, bem como auxiliar aqueles jovens que, como eu há 20 anos atrás, sonham em entrar nesse mercado tão concorrido e, porque não, tão sonhado.

Sempre é tempo de aprender, sempre dá pra se superar e é sempre possível, após chegar lá, crescer ainda mais e ser o campeão!
Esse texto, talvez, nunca chegue ao Norris (se chegar, certamente para ele não fará diferença alguma), mas espero que chegue a todos os jovens (não apenas de idade, mas de espírito) que sonham um dia em “chegar lá”, para que saibam que tudo é possível! Para isso bastam duas coisas: fé (acreditar em você) e muita dedicação. Exemplos não faltam!
E os primeiros treinos na Austrália estão aqui para comprovar

A McLaren liderou o primeiro treino livre com o Lando Norris à frente de um surpreendente Carlos Sainz na Williams e Leclerc em 3º
A Ferrari liderou o segundo treino livre como Charles Leclerc à frente da dupla da McLaren Piastri e Norris (o australiano na frente do inglês)

– O Carlos Sainz dessa vez ficou mais para trás, apenas em 11º quase um segundo mais lento
– Lewis Hamilton estreando na Ferrari saiu com 12º (no treino 1 e 5º no treino 2. A fase de adaptação continua.
– A Racing Bulls brilhou no Treino 2 com o 4º lugar do Tsunoda e o 6º lugar do Hadjar de quem se esperava muito pouco
– A Red Bull ficou abaixo do que o Verstappen queria, mas fez muitas simulações.
– O Gabriel Bortoleto fez a sua estreia oficial na F1. Tá certo que a Sauber ainda não ajudou muito, mas o brasileiro está acumulando as suas horas e é isso que importa!

Uma explicação para esses tempos
Em resumo os tempos do TL1 foram feitos com as equipes optando por usar o composto médio. Já no TL2 usaram mais o composto macio.
A diferença no tempo mais rápido é de 8 décimos (1´17”252 para 1’16” 439) e se descontarmos o maior emborrachamento da pista deve ficar por volta dos 5 décimos (meio segundo) apenas.
Daí a conclusão que se tira de imediato é que parece que em ritmo de corrida a coisa está entre a McLaren, a Williams e a Ferrari do Leclerc. Em ritmo de classificação não tem outra aposta a não ser pra Ferrari (Leclerc de novo!) e pra McLaren.
Resta saber se a chuva esperada para domingo não vai embaralhar tudo!
E para terminar uma boa notícia para nós brasileiros na Formula 3:
Pole position do pernambucano Rafael Câmara! A próxima safra está a caminho!
Boa corrida a todos é um super começo para uma temporada sensacional.
Por Ticiano Figueiredo / Foto: Divulgação