Abril é o mês oficial de conscientização do autismo, atualmente, denominado Transtorno do Espectro Autista (TEA), o quadro do autismo infantil engloba uma série de aspectos do desenvolvimento infantil que se manifesta em maior ou menor grau de acometimento – e, por isso, utiliza-se a noção de espectro. O diagnóstico de TEA passou a englobar três quadros clínicos principais: Autismo clássico (aquele tipo mais conhecido, em que há um comprometimento nas áreas de interação, comportamento e linguagem, além de relevante déficit cognitivo), o Autismo de Alto funcionamento (ou Síndrome de Asperger: os portadores conseguem se expressar através da fala e são muito inteligentes, acima da média da população) e Distúrbio Global do Desenvolvimento (tem características do TEA, como alteração de interação e comportamento, mas não há um diagnóstico fechado).
Para alertar sobre o tema, sobre a importância do diagnóstico precoce e também o tratamento, o Diário do Rio Claro conversou com a psicopedagoga Aline Secco Buchidid que salientou as principais alterações nas crianças com TEA:
– Interação social: Ausência ou baixa frequência de contato visual, sem interação espontânea com adultos e crianças;
– Comportamento: Repetitivo, estereotipado (dar pulos, chacoalhar as mãos ou sem balançar). Ter interesse restrito em temas e brinquedos específicos.
– Linguagem: Ausência ou atraso significativo do desenvolvimento de linguagem oral (compreensão e expressão) e alteração em diversas habilidades linguísticas.
A profissional esclarece que o fundamental é que o diagnóstico do autismo seja feito antes dos três anos de idade. “Em nenhuma outra época da vida nosso cérebro é tão plástico como nesse período inicial. Portanto, se a criança nascer com predisposições adaptativas desfavoráveis, esses primeiros três anos constituem o melhor momento para se tentar resolver suas dificuldades. Os especialistas confirmam que é desse modo que se obtém os melhores resultados terapêuticos”, orienta a psicopedagoga Aline Secco Buchidid.
Importante os responsáveis ficarem atentos a alguns sinais de alerta para o TEA nos dois primeiros anos de vida que são:
- Prejuízos no contato visual, que podem ser observados já nos primeiros meses de vida;
- – 2-4 meses: ausência do sorriso social;
- – 4 meses: não apresentar reação antecipatória (não levantar os bracinhos para ser carregado);
- – 6 meses: poucas expressões faciais, não fazer o primeiro balbucio, não responder ao ser chamado pelo nome ou demonstrar afeto por pessoas familiares;
- 9 meses: não fazer trocas de turno comunicativas, não balbuciar, imitação pobre, não olhar para onde apontam ou quando chamada pelo nome, não responder às tentativas de interação;
- 12 meses: não falar pelo menos duas palavras com função (como mamãe e papai), ausência de atenção compartilhada, não brincar funcional, não entender e seguir comandos; déficits nos comportamentos não verbais como não dar tchau, apontar ou mandar beijos;
- 18 meses: não falar pelo menos seis palavras com função, não saber partes do corpo, não responder em reciprocidade;
- 2 anos: não fazer frases com pelo menos duas palavras, não se comunicar mesmo que não verbalmente, não brincar simbólico.
- Em qualquer idade: perda de habilidades adquiridas e prejuízos no funcionamento social.
Aline salienta ainda que as alterações nas respostas aos estímulos sensoriais do ambiente podem estar presentes já com poucos meses de vida. “Lembrar que atrasos no desenvolvimento motor, embora não façam parte dos critérios diagnósticos, são encontrados em até 79% das crianças com TEA. A identificação dos sinais e as intervenções precoces favorecem o desenvolvimento pleno de suas capacidades, autonomia, independência bem como, a qualidade de vida das pessoas no espectro e de suas famílias”, recomenda a psicopedagoga Aline Secco Buchidid.
Por Janaina Moro / Foto: Divulgação