O equilíbrio entre as expectativas e a realidade. Eis aí, caro leitor, uma boa receita para a felicidade.
Mas, como toda boa receita, cada um tem a sua, adaptada, com um temperinho a mais, um ingrediente a menos. Querer, necessitar e desejar, são complexas as variáveis dessa equação, cujo resultado é ser feliz. Isso porque há também a ética, o caráter, que equilibra o querer, o poder e o dever.
Se você não existisse, que falta faria? Já se perguntou isso, olhando em seus próprios olhos, diante do espelho? Pense nas pessoas que te amam, pense em tudo o que te dá significado, na rede de proteção e no amor que foram criados em torno de você desde que nasceu…Viver vale a pena, ainda que a alma seja pequena. Pois viver engrandece qualquer alma.
A felicidade é uma busca, um lugar onde a gente chega? Ou é só uma coleção de bons momentos, aqueles em que pensamos que o tempo poderia parar. Podem ser momentos felizes que nos dão a sensação do eterno. Felicidade, ao que tudo indica, não pode ser algo contínuo.
Pois percebemos que algo ou alguém nos faz feliz na ausência. Se todos os dias comer o prato que mais gosto, ou a sobremesa mais deliciosa, não haverá mais prazer. É na ausência da felicidade que a felicidade se constrói. E para cada época da vida, uma busca diferente. O encontro com a felicidade aos 20 é o mesmo encontro aos 70?
O dinheiro? Ah, pobre dinheiro, sempre se confundindo falsamente com a felicidade. A fluoxetina, proposta pela mídia como “a pílula da felicidade”, as compras em Nova York. Tudo isso, e mais, pode ser felicidade para uns, legitimamente. Mas é importante “ter sem que o ter te tenha”, como bem dizia o mestre Millôr Fernandes. Para cada época da vida, uma busca. Em cada etapa, novas felicidades.
O que é muito perigoso mesmo é viver automaticamente, sem ouvir os apelos da vida, fingindo que está tudo bem. Muitas das vezes nos escondemos atrás de desculpas do tipo: “tenho que cuidar da minha família ou não pude fazer isso ou aquilo porque não posso deixar este trabalho”. Será que a família merece toda essa culpa? Ou está na defensiva se escondendo de você mesmo?
A coragem é sempre boa para isso. Para enfrentar o medo de existir, de fazer, de ir mesmo em busca do que se quer.
Alguns preferem não se ocupar pensando a respeito de sua própria vida para não ter o trabalho de responder a essas perguntas que ela os impõe. Para esses, é mais fácil, na aparência. Pois vão evitando a angústia de ter que tomar atitudes confortáveis com a falsa sensação de que está tudo bem.
Saber onde a vida te pega é promover o encontro de si consigo mesmo. Seja o que for, de qualquer forma, seguindo a ética, fazendo o bem.
Por mais que tentemos ignorar, há sempre algo em nossa mente, como que uma voz interior que quer nos levar em direção ao que queremos. Mesmo que sejam contrários aos padrões preestabelecidos.
Não há mais desculpas e muito menos chance de jogar a culpa nos outros. É você com você mesmo, frente aos seus desejos mais essenciais. E então, o que vai fazer? Sua vida é curta demais para ser pequena…