Iniciaram as campanhas de uso racional da água na mesma rapidez da propaganda do zé gotinha, personagem brasileiro criado para as campanhas de vacinação contra o vírus da poliomielite (paralisia infantil), e agora recém contratado para a campanha contra o coronavírus, antes tarde do que nunca.
A cada ano somos atingidos pela escassez de água com mais intensidade, e também bombardeados pelas campanhas sazonais do uso responsável desse precioso líquido, tão precioso que a maioria da população infelizmente só dá o seu real valor quando abre a torneira e ele não escoa.
Desde o ano passado intensificaram-se os alertas para o desmatamento como nunca tivemos visto antes, nunca se falou tanto de desertificação e do afrouxamento sobre os crimes ambientais, e da pessoa do então ministro do meio ambiente, o superpoderoso ministro intocável Salles.
E daí, vamos aproveitar a pandemia e passar a boiada, como ainda continua passando, as leis ambientais continuam ampliando o leque de permissões irregulares e perdões aos infratores e a pandemia se estendendo com o controle a toque de tartaruga da vacinação.
Também não é o momento para ficarmos procurando os culpados, pois os vemos diariamente ao nos depararmos com o espelho, pois em algum momento esquecemos nosso dever de cidadão consciente e gastamos mais que o necessário.
O que falta em grande parte dos municípios são projetos para armazenamento de água, onde grandes volumes de água são estocados para em casos de forte estiagem darem uma sobrevida ao abastecimento urbano e rural.
Nossos dois mananciais que abastecem milagrosamente Rio Claro, o rio Corumbataí e o Ribeirão Claro ainda estão conseguindo doar parte de sua produção para as duas estações de tratamento de água, mas a cada ano que passa as dificuldades em relação a esse abastecimento vem sendo prejudicado por uma série de obstáculos, que somados ao mal uso do solo, desmatamento ciliar e das captações irregulares, geram além do desperdício um resultado já previsto, o apocalipse hídrico.
Muitos diriam, que cálculo fantasioso, a água é infinita, além de que o Brasil possui o maior estoque de água subterrânea do planeta e Rio Claro também possui parte deste aquífero subterrâneo.
Araras, município vizinho de nossa Cidade Azul, possui dois reservatórios de água bruta, o da represa Água Boa que abastece 70% do município e a Tambury (usina Santa Lúcia) que abastece os outros 30% (juntos armazenam aproximadamente mais de 13 milhões de metros cúbicos de água), além da captação superficial no rio Mogi Guaçú, usada para dar suporte numa eventual escassez de água mais acentuada.
Mesmo com todo esse aparato hídrico, o município de Araras tem enfrentado situações inusitadas de rodízio no abastecimento público, conforme foi veiculado nos órgãos de imprensa em 2.020, ano passado.
Há relatos de que Rio Claro já possua o esboço de projetos redirecionados para a construção de barragens, uma próxima do rio Cabeça e outra no Ribeirão Claro, a montante da rodovia Wilson Finardi (SP191), projetos que já deveriam estar na pauta do poder executivo municipal e em fase de encaminhamento aos Comitês das bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), órgãos que dariam o suporte técnico para a elaboração dos referidos projetos.
O Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Rio Claro (DAAE) tem trabalhado incessantemente para tratar e distribuir água de qualidade para todo o nosso município, mas com a queda crescente na vazão de nossos rios, a autarquia municipal, em breve, deverá se adequar a uma outra realidade. Captar, tratar e distribuir água de nosso lençol freático, porque sem represas só nos resta as águas subterrâneas.
A construção de barragens são processos que demoram até mais que uma década para serem aprovados pelos órgãos governamentais e edificados, mas, independente, dos prazos, não podemos cruzar os braços e esperar que o caos se estabeleça. Desde que não seja com a mesma rapidez com que o Zé Gotinha se preocupou com a pandemia.