Nos últimos anos, a cidade de Rio Claro até que registrou números baixos de pacientes que contraíram dengue.
Em 2016 foram 98 casos registrados no município, ao passo que 2017 somou 17 e, neste ano, foram registrados 23 casos. Porém, a situação é preocupante, já que os três levantamentos já realizados em Rio Claro neste ano apontaram índices acima do satisfatório.
A Análise de Densidade Larvária (ADL) é feita quatro vezes ao ano. A próxima deve acontecer em outubro. As pesquisas que mostram o nível de infecção de larvas do Aedes Aegypti, mosquito que transmite doenças como dengue, chikungunya e zika, apontaram índice de 2.0 em janeiro, 3.1 em abril e, em julho, 1.1, considerado alto para o período. O tolerável, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, seria abaixo de 1.0.
A realidade pode ser ainda mais preocupante, já que em muitos imóveis os moradores não são encontrados para a vistoria. A análise é feita em áreas do município após sorteio feito pela Superintendência de Controle de Endemias (Sucen). O município é dividido por quatro áreas. “O índice de recipientes propícios para o mosquito na área 1, que engloba 36 bairros, foi de 4.01. O índice é alarmante”, diz a Coordenadora dos Agentes de Combate a Endemias, Maria Júlia Guarnieri Baptista.
Já na área quatro, o índice foi 0.77, mas, segundo a coordenadora, o número não é satisfatório. “Não podemos considerar positivo, pois tivemos a ausência de moradores e não foi possível verificar todos os imóveis”, afirma a responsável.
“Essa pesquisa mostra exatamente, além dos imóveis visitados, que o índice de recipientes de criadouros está alto, mesmo em período de estiagem”, alerta.
Segundo o departamento, de setembro do ano passado a maio deste ano, foram retiradas dez toneladas de criadouros do mosquito na área classificada com “D”, que inclui todos os bairros que ficam após a Rodovia Washington Luís, como Bonsucesso, Novo Wenzel, Palmeiras, Guanabara, Assistência, entre outros.
“A preocupação sempre vai existir. Para que não haja nenhum tipo de contaminação, não posso ter criadouros e, se eu tenho um índice alarmante, possivelmente eu posso ter, sim, uma epidemia”, esclarece a coordenadora.
Segundo a coordenadora, os criadouros encontrados são inúmeros. Até os vasos com pratos que acumulam água ainda são utilizados, assim como potes de sorvete, ralos, tampinhas de garrafa, bebedouros, vasilhas de animais e plantas aquáticas. “O que podemos analisar é que praticamente todos os setores da cidade estão com criadouro para o mosquito”, salienta.
Maria Júlia esclarece que no município circularam dois tipos de vírus: o 1 e 4. Com isso, pessoas que já contraíram a doença estão imunes a estes dois. Porém, o receio é a entrada de outros tipos, como o 2, que já foi registrado em cidades vizinhas, como Piracicaba. “Se entrar no município, também é um risco para o alto número de casos”, conta.
Os mutirões realizados aos fins de semana e trabalhos em creches e escolas são pontos positivos para conscientização. Plano de ação com os mutirões deve recomeçar em outubro. “Faz uma diferença, porque dá para retirar muita coisa, mas senão tiver a conscientização dos moradores, não adianta, porque quando volta, tem lixo de novo”, afirma.
Entre as dificuldades está ainda a resistência de moradores que não recebem e não autorizam a visita das equipes. “A população precisa se conscientizar, eliminar os criadouros e, se tiver dúvidas, é só entrar em contato com a Zoonoses para confirmar a identidade das equipes e locais onde estão atuando”, finaliza.
OUTROS DADOS
CHINKUNGUNIA:
2016 – 11 casos
2017 – 11 casos
2018 – apenas 1 caso
FEBRE AMARELA
2018 – quatro casos suspeitos e todos descartados.