A política é a arte de fazer o povo ser feliz
É imperativo, em tempos como estes, que se reflita sobre a verdadeira natureza do mandato público. Não é uma honra, não é um privilégio, mas um compromisso sagrado. Não são os cargos que dignificam o homem, mas o homem que, no exercício do cargo, deve dignificar o povo. Quem se propõe a representar deve entender que a responsabilidade que carrega vai além de seus próprios interesses. Como Ruy Barbosa nos advertiu, “a responsabilidade do representante é a maior que se possa conceber, porque não tem outra medida senão a sua própria consciência.” (Ruy Barbosa, discurso de 1910). A consciência de quem serve deve ser implacável, deve ser imune à conveniência, à corrupção ou ao medo.
Quem ocupa um cargo público e se esquiva da responsabilidade, quem se apaga diante das grandes questões, trai a confiança que lhe foi depositada. Como disse Ulysses Guimarães, “não é fácil ser político, mas é fácil ser omisso.” (Ulysses Guimarães, discurso de 1988). A omissão não é uma escolha legítima para quem foi escolhido para governar. Não há espaço para a neutralidade quando o povo clama por justiça, por ação, por transformação. Quem se ausenta das questões que afligem a sociedade não é um servidor, mas um usurpador do cargo.
Aqueles que se escondem nas sombras da inação, que se refugiam na conveniência da indiferença, não têm o direito de se manter em seus postos. A ocupação de uma cadeira pública não é um espaço para o egoísmo ou a apatia. Como sabiamente disse Ruy Barbosa, “o político que não se arrebenta pela causa pública é um déspota travestido de eleito.” (Ruy Barbosa, discurso de 1910). Quem não cumpre com a missão do cargo deve saber que a história o cobrará, e que a confiança do povo, uma vez perdida, jamais será reconquistada.
Portanto, os que hoje se escondem atrás de palavras vazias ou de promessas não cumpridas devem compreender que a verdadeira política é a arte de servir. Servir ao bem comum, servir à verdade, servir à liberdade. Como Ulysses Guimarães nos ensinou, “a política é a arte de fazer o povo ser feliz.” (Ulysses Guimarães, discurso de 1986). E quem se esquece disso, quem negligência essa missão, não é digno de governar.
O compromisso com o povo é irrevogável. Quem não compreende isso, não merece a confiança que lhe foi entregue.
Antonio Archangelo é gestor, professor e autor do livro Inovação no Setor Público.
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