Se havia alguém que achava que a globalização era um tema do passado, errou e errou feio. Falar sobre a globalização e seus impactos está na pauta de todos os executivos e de todos os governantes – sérios, do mundo.
Era início do ano de 2020 e quando tudo parecia estar caminhando a céu de brigadeiro, aparece um “bichinho”, apelidado de covid19, que muda o contexto do mundo globalizado e, que, até aquele momento parecia estar “plenamente estabilizado”.
Quando a pandemia trouxe o “fica em casa que depois a gente cuida do resto”, muita gente, porém, não imaginava que grande parte das pessoas não iriam querer voltar para as fábricas e para os escritórios.
Além disso, essas pessoas todas não pararam de consumir, pelo contrário, continuam consumindo até hoje, e consumindo mais do que consumiam antes da pandemia.
Você já deve imaginar, portanto, o que isso vem causando. Separei somente alguns dados para que possamos entender um pouco o que vem acontecendo.
Em Setembro no maior porto dos USA a fila de cargueiros esperando para descarregar seus grandes contêineres passava de 70 navios. Próximo aos portos de Hong Kong e de Shenzen, na China neste mês de Outubro, já são mais de 100 navios cargueiros esperando para a mesma operação.
No Reino Unido há falta de motoristas habilitados para dirgir caminhões e também observa-se longas filas de veículos para abastecer nos postos de combustíveis. Além disso, derivados de petróleo estão em falta por lá.
As bolsas mundiais caíram cerca de 30% desde o início do ano na maioria dos países mais ricos do mundo. Na Alemanha a inflação já passou de 4% ao ano. Na Argentina o governo está congelando preços de produtos.
Há uma grande expectativa de que uma recessão global pode estar mais próxima do que se imagina.
Sem entrar em detalhes, tudo isso é fruto de um desequlibrio mundial entre oferta e demanda. A globalização, que até então, parecia suficientemente estável, mostrou-se extremamente centralizada nos países da Ásia e despreparada para variações em escala.
A demanda maior por produtos e também por “mão de obra” e a incapacidade dos países em atender essa demanda está gerando inflação. A pandemia acelerou um processo que já vinha se mostrando ineficiente, por razões estruturais e de políticas públicas desalinhadas com “acenos” dos mercados globais.
Assim como no resto do mundo, o Brasil sofre as consequências de políticas assistencialistas, sem critérios e que privilegiavam a demanda sem se preocupar com a infrestrutura, o fluxo, a logística e com a digitalização do consumo, por exemplo.
Apesar de um cenário que pode parecer catastrófico e sem saída, a coisa não é bem assim, pois há inúmeras possibilidades e oportunidades para aqueles que adotarem práticas coerentes com a realidade e com visão de futuro.
Alguns governos, assim como acontece no Brasil, já perceberam que a saída está na adoção de políticas públicas que levem em conta o investimento em infraestrutura, como em ferrovias, rodovias mais inteligentes e interligadas com a modernização de portos e aeroportos.
Por outro lado é necessário que haja um grande investimento na educação para recuperar o tempo perdido com a paralisação ocorrida. Os currículos das escolas e das universidades precisam ser revistos para se adequarem às novas formas de ensino – aprendizagem e para as novas demandas do trabalho.
As crises e as dificuldades devem servir para o aprendizado. Ainda que existam resistências, já passou da hora de entendermos que a pior crise é a da incorência. Até…
O autor é conferencista, palestrante e Consultor empresarial. Autor do livro Labor e Divagações. Envie suas sugestões de temas para o prof. Moacir. Para contatos e esclarecimentos: moa@prof-moacir.com.br / Viste: www.prof-moacir.com.br