Julho é o mês em que tudo acontece. Para o bem e para o mal. Casei-me no mês de Julho. Opa! Mês dos amores nascidos numa noite fria, à meia luz ao som de um blues.
Bom, devo dizer, que é assim na minha vida. Não sei se é também na sua vida, caro leitor. Tomara seja, porque julho é um mês interessante. De sol ameno e temperatura agradável. E daquele friozinho de todo final de tarde e início de noite, que nos convida a assistir um filminho no aconchego da sala, tomando um chá quentinho, comendo uma torradinha com patêzinho, ao lado do amor que atende pelo nome de… Complete a frase.
As férias do meio do ano são no mês de Julho. As férias escolares das crianças, bem entendido. Sejamos otimistas. Ano que vem iremos todos viajar. Nem que for de máscara. Porque Julho é também o mês de vigência para mais um período de quarentena na fase vermelha. Todo mundo trancado em casa, de novo! Mas é possível algumas escapadinhas. Ou não somos brasileiros?
Agora, por exemplo, fui botar o lixo na rua. Abri o portão, assim, meio que disfarçadamente, olhei para os lados, ninguém por perto, calçadas vazias, ruas desertas, que milagre! E, pumba, soltei no chão o saquinho de lixo, que, com muita sorte, ficará imune à miséria dos cães famintos, até o momento do lixeiro passar. Ou melhor, gari. Vai que eu tomo um processo por descrição inadvertida de função essencial para a sociedade humana. Ah, esses advogados! Temo todos eles.
Mas, voltemos ao mês de Julho. E prometo que até o final dessa mixórdia de texto, caro leitor, eu o pouparei de assuntos como covid-19, política brasileira e auxílio emergencial sobre os quais, tenho certeza, você está cansado de ler.
Seu Dito dizia: Juninho só presta mesmo pra duas coisas: escrever e fazer café. E tenho que dar razão ao finado Seu Dito. Acabei de fazer um café agora mesmo. Uma delícia. Não é fácil preparar um texto às pressas, confinado no cafofo conhecido como residência, porque a luz ou o sinal da internet podem ser cortados a qualquer momento, por mera falta de pagamento, devido a inatividade profissional, que gera, acho que todos já sabem, uma doença terrível, ameaçadora, e tão letal quanto a dona covid-19, que é o famigerado desemprego e seu filho destruidor de esperanças, que atende pelo nome pomposo de miséria. Então, dá-lhe café. Servido? Ok.
Este ano de 2020, é um ano atípico, que no dicionário Titês de palavras difíceis e inúteis significa: diferente. É um ano pra ser esquecido, como disse dia desses o Mané Miguelão, meu amigo do whats’app. E eu disse, mas é claro! Já fiz promessa pra Deus e o diabo, oh Mané! Já apelei pra São Cupertino Maurício das Quebradas e Santa Estrovenga do Pau Lascado, enfim, a turma toda, especialista nas causas impossíveis. Quem sabe!
Teve um mês de julho, agora me lembro, que fui para Campos do Jordão. Um amigo não quis ir, me deu a passagem e eu fui. Sem levar um agasalho, um souvenir, uma mochila nas costas, sem meias nos pés, enfim, nada. Saí do finado Café Excelsior, onde havia tomado um Saint Remy. Só um, é verdade, eu juro, e montei no ônibus, então estacionado na rua 1, em frente à Agência dos Correios. E quando perguntei para a moça da poltrona ao meu lado: Para onde estamos indo, queridinha? – só então percebi que aquele mês de julho seria mesmo inesquecível.
Julho, que um dia chamou-se Quintilis, o quinto mês do então calendário romano, que começava em Março. Mas aí surgiu na história um camarada muito poderoso, sanguinário, culto e senhor de si chamado Júlio Cesar. Logo, o mês que ele nascera, Quintilis, tornou-se Julius.
E foi num mês de Julho, dia 1, do ano de 1994, que o Real tornou-se a moeda oficial do Brasil. Também no dia 20, de 1969, a missão Apolo 11, pousava na lua.
Mas, voltemos a falar de coisa séria, em 16 de julho, ocorreu o Maracanazzo, na final da Copa de 50. E Juninho, aos 19 anos, apaixonou-se perdidamente, pela primeira vez. Esse é o fato principal do mês de Julho. Aquele que realmente importa. Todos os demais são banalidades. Naquele mês de Julho de 1988, abriu-se um machucado nesse pobre e combalido coração. Mas, ao fechá-lo, e para sempre, nascera o escritor. E, disfarçadamente, o poeta. Se valeu a pena? Eu prometo que conto da próxima vez. Como dizia o finado tio Ernie, que chutou o balde da vida no mês de Julho, num dia 2, há 59 anos: “Amor é um só, o resto é vingança”.