Nesta coluna de educação ambiental, será enfatizada a importância da preservação, manutenção e recuperação da vegetação das margens de cursos d’água, a denominada mata ciliar. As matas ciliares, por sua vez, constituem toda cobertura vegetal, que está compreendida às margens de lagos, córregos, rios, riachos, ribeiros, represas e nascentes. As matas ciliares são conhecidas também pelas denominações: matas de galeria, florestas ribeirinhas, vegetação ripária e florestas beiradeiras.
Estas podem apresentar dezenas de metros e são elementos importantes para a proteção das águas e do solo, estabelecendo uma espécie de filtro de retenção, impedindo que poluentes cheguem ao meio aquático e reduzindo o processo de assoreamento (evitando enchentes); favorece o crescimento de espécies nativas e auxiliam no fornecimento de abrigo e alimentos para a fauna, contribuindo com a biodiversidade; melhoram a qualidade do ar, pois fixam e absorvem dióxido de carbono, um dos gases responsáveis por mudanças climáticas; formam barreiras naturais no combate dispersivo de doenças e pragas na atividade da agricultura.
Apesar da infinidade de benefícios, estas são acometidas de distúrbios em várias regiões do país, perdendo sua capacidade de regeneração, por razões de ordem natural (deslizamento de terras, queda de árvores, raios, fogos resultantes da dinâmica natural dos ecossistemas) e de ordem antrópica (com maiores ocorrências devido à urbanização, construção de hidroelétricas em áreas próximas aos cursos d’água, desmatamento, expansão da agricultura e pecuária, extração de areia nos rios, aumento das áreas de pastagens, empreendimentos turísticos mal planejados, entre outros).
A devastação desta vegetação pode ser vista em várias localidades de municípios vizinhos. No percurso do Rio Corumbataí (responsável por 60% de abastecimento de água de Rio Claro), é notória e gradativa a redução da mata ciliar deste rio em diversos pontos, em decorrência dos campos de pastagens, atividades agrícolas e minerações, transformando a paisagem.
Sendo assim, faz-se necessário unir forças para a recuperação das matas ciliares, em âmbito local, regional e nacional, articulando ações de incentivo à recomposição destas florestas, considerando mecanismos como: seleção de espécies propícias às condições do ambiente, métodos de preparo do solo, análise de crescimento, técnicas de plantio, manutenção, manejo e aplicação adequada, adubação e germinação, regime hídrico e topografia. Dessa forma, estaremos não só contribuindo para o processo de renovação florestal às margens dos cursos d’água, mas, sobretudo, atendendo à legislação ambiental.
Neste sentido, uma via de garantia da preservação e recuperação das matas ciliares é através de campanhas de reflorestamento, por meio do esclarecimento de sua importância, bem como exposição da legislação relacionada (Código Florestal, que regulamenta limites sobre as matas ciliares, que são consideradas áreas de preservação permanente).
Tem-se na atualidade a degradação da vegetação nas áreas de mananciais para atender a interesses próprios, porém, em nenhum momento se pensou no tamanho dos riscos e consequências que estariam provocando e que tipo de soluções seriam tomadas para amenizar tal problema. Sendo assim, é necessário adotar políticas de incentivo a toda a sociedade e, ao mesmo tempo, a restauração deste ecossistema.
Ações no sentido de recuperação das matas ciliares dependem conjuntamente do envolvimento de cidadãos e conscientização do seu papel, adotando ações integradas com diferentes setores; e dos órgãos ambientais, assumindo uma postura rigorosa de fiscalização efetiva, frente à preservação das matas ciliares.
Autor: Éder Rodrigo Varussa – Gestor e Educador Ambiental, Doutorando em Geografia , Mestre em Geografia na linha espaço, cultura e sociedade pela UNESP/Rio Claro/SP, Especialista em Gerenciamento Ambiental e Sustentabilidades na área de conhecimento em Ecologia Aplicada pela UNESP, Bacharel em Administração Empresarial, Diretor do Grupo Permanente de Pesquisa das Relações Alemanha e Interior de São Paulo.
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Por Eder Varussa