A cada ano que passa o período de estiagem se estende e o período de cheia se esvazia, reflexos do desmatamento da floresta Amazônica que interfere diretamente nas mudanças climáticas, afetando o processo evolutivo da Fauna e Flora dos Biomas brasileiros e de outros continentes.
A maior área inundável de nosso planeta, o Pantanal, vem enfrentando uma estiagem considerada a mais intensa dos últimos 50 anos, fato que gerou um aumento imensurável de focos de incêndios, alguns de incidência natural devido ao forte calor gerado pelos raios solares em contato com a vegetação seca e muitos outros de origem criminosa ocasionadas pela ação humana.
As queimadas já consumiram nada menos que 1 milhão de hectares, o equivalente a 10 bilhões de metros quadrados, exterminando toda a Flora e Fauna em seu caminho.
E por último e não menos trágico, com a chegada das chuvas, já previstas pelos institutos de climatologia, o Pantanal será atingido por um fenômeno natural conhecido por “Decoada”.
O termo, ‘DECOADA”, refere-se ao processo utilizado há séculos, no qual adicionam água fervida com cinzas para limpar tecidos, ou no processo de fabricação de açúcar, onde colocam cinzas na água quente, para a remoção de impurezas que ficam armazenadas nas paredes das caldeiras de caldo de cana, com o objetivo de tornar o açúcar mais resistente.
Com o fim da estiagem, há um aumento da vazão dos rios por ocasião das chuvas, os campos se tornam extensas áreas de inundação e em muitas vezes, áreas já devastadas pelo fogo. Essas áreas sofrem constantes alterações no nível da água, que ao abaixarem arrastam uma grande quantidade de matéria orgânica e cinzas das queimadas para dentro das lagoas marginais, berço da reprodução da vida aquática.
Infelizmente no meio aquático, junto a essas cinzas adicionadas há uma grande massa de matéria orgânica, diminuindo massivamente o PH da água e zerando o oxigênio dissolvido, aniquilando assim, os peixes por asfixia e grande parte da vida aquática. Fenômeno também conhecido no meio científico como Eutrofização.
A mesma chuva que traz vida ao ecossistema pantaneiro, traz a morte de milhões de seres aquáticos, sem qualquer chance de evitarmos tal catástrofe.
Importante lembrar que quando somos obrigados a cortar uma única árvore nativa por uma causa justificável, temos que plantar 25 árvores nativas a título de compensação ambiental de acordo com a legislação vigente.
Como será realizada a recomposição vegetal das áreas atingidas pelas queimadas no Pantanal? Com o dinheiro arrecadado das multas ambientais impostas aos infratores, pela verba destinada a projetos de recomposição florestal do Ministério do Meio Ambiente, ou com o dinheiro das malas pretas e das rachadinhas parlamentares.
O Meio Ambiente estará presente na pauta das propostas dos candidatos na próxima eleição de novembro? Estamos de olho.