“No meu tempo, as moças bonitas eram de esquerda.”
Francisco Buarque de Hollanda é o autor da frase dita em uma entrevista para a Folha de São Paulo na primeira metade da década de 2000 que, certamente, soaria desmedida e causaria constrangimento nos puritanos dos dias atuais. Porém, em tom de blague correndo o risco de soar politicamente incorreto e de ser mal compreendido pela claque sinestromana, troco a palavra ‘esquerda’ por ‘direita’ na citação e faço minha as palavras do compositor de ‘A Banda’ para justificar um dos motivos de minha guinada ao conservadorismo liberal.
Claro que, para além da brincadeira, o fator maturidade também pesou, pois, como bem disse o político e jornalista Georges Clemenceau no fim do século XIX, “um homem que não seja um socialista aos vinte anos, não tem coração; agora, um homem que ainda seja um socialista aos quarenta, não tem cabeça”. Os queridos companheiros com quem dividi trincheiras no ‘sonho socialista’ questionam minha atitude com a rigidez peculiar dos autoritários que rezam a Cartilha Gramscista e que, tendo ou não total conhecimento do seu propósito, continuam com a intentona de moldar a Cultura de acordo com seus preceitos ideológicos.
Neste dia em que celebramos a sexta eleição direta da Nova República do Brasil, tenho a intenção de atentar para o fato de que pouco importa para quem será dado o seu voto nesta Festa da Democracia. E sabe por quê? Porque o tempo passa, as ideias ganham novos sentidos e, de certa forma, as pessoas mudam, como naquele poema do Edson Marques que diz que ‘só o que está morto não muda’. Logo, enquanto vivermos, a mudança será inevitável e o que julgávamos bom pode, daqui a algum tempo, não ser mais e vice-versa! O corte de cabelo, o modelo de celular, os hábitos, as crenças político-filosóficas… tudo passa por constante transformação e segue mudando, crescendo, evoluindo como um processo Moto Perpetuo.
Portanto, neste dia 7 de outubro de 2018 – data que para o bem ou para o mal deve marcar a História Brasileira – gostaria de propor aos que acompanham essas mal traçadas linhas dominicais e que tenham afeição pela leitura que iniciassem uma nova jornada na busca do desconhecido. Peço licença para indicar quatro livros de quatro autores que, ao que consta, não têm simpatia nenhuma um pelo outro, mas que, juntos, querendo ou não, contribuem muito para a construção de um novo pensamento político no País. O ‘Jardim das Aflições’, de Olavo de Carvalho; ‘Década Perdida: Dez anos de PT no Poder’, de Marco Antonio Villa; ‘Objeções de um Rottweiler Amoroso’, de Reinaldo Azevedo; e, por fim, ‘Lula é minha Anta’, de Diogo Mainardi.
Claro que as leituras propostas não têm a intenção de transformar o querido leitor e a estimada leitora em experts naquilo que é mais abominado pelos canhotos, ou seja, o factual. Tampouco, em caga-regras de conversas informais com amigos e familiares, mas sim ocasionar uma reflexão acerca do que a busca pelo Poder Absoluto e a ausência total de uma linha de pensamento liberal e conservador fizeram com a nossa Política – essa quase eterna ‘Estratégia das Tesouras’ em que transformaram o Pleito Nacional –, com a nossa Cultura – haja vista a atual produção artística muito bem definida pelo artista Fabio Di Ojuara com a máxima ‘Toda Merda Agora é Arte’ – e, sobretudo, com a nossa Percepção de Mundo. Até domingo que vem!
O autor é Mestre em Divulgação Científica e Cultural pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unica.