Rio Claro faz aniversário e o DRC traz para o leitor alguns dos talentos que a cidade exportou e que fazem sucesso mundo afora. É o caso do músico Mauricio Zottarelli, um dos mais importantes bateristas da atualidade. Ele brilha em Nova York fazendo shows e atuando em diversos projetos como compositor e arranjador. O sucesso é dividido com a esposa, Milene Corso, talentosa cantora que leciona, além de atuar como diretora musical e arranjadora para o “Madrigal Cor Da Voz”.
Mesmo com a pandemia de Covid-19, eles continuam trabalhando em novos projetos. “Tenho gravado bastante desde o início da pandemia e participado de vários discos de maneira remota, gravando de casa”, informa Zottarelli. O público pode ver parte desse trabalho em vídeos postados em seu canal no YouTube (MZDRUMS). “Pego um solo de bateria meu gravado anteriormente e escrevo e gravo a música em cima do solo, de maneira improvisada. A série se chama Drummin’ventions”, conta.
Além dos solos, há cerca de um ano e meio, o músico está produzindo outros artistas, para os quais empresta seu talento como produtor, arranjador e baterista. “Eu co-produzi, arranjei e toquei a bateria no novo disco do ótimo compositor e violonista Sergio Pereira. O disco saiu em fevereiro deste ano e conta com músicos incríveis. O trabalho se chama ‘Finesse’ e ainda está nas listas dos mais tocados nas rádios norte-americanas e na Europa”, informa.
Atualmente, Zotarelli trabalha na produção do novo disco do guitarrista norte-americano Reza Khan, no qual também toca bateria. Além de Reza Khan, ele participou do novo disco do violonista Romero Lubambo e do maestro Rafael Piccolotto lançado em 2021, e tocou no novo single do tecladista Philippe Saisse. No Brasil, Zotarelli gravou, no mês passado, a bateria do novo disco do cantor Ivan Lins. O disco tem previsão de lançamento para o ano que vem.
Em Rio Claro, o músico está participando de alguns trabalhos. Um deles é o da Alicia Bianchini, com Luciano Filho e Anderson Rossetti. Também faz várias colaborações em vídeos para as redes sociais, dá aulas particulares de bateria e no momento trabalha na criação de um livro/método para bateristas.
A pandemia atrapalhou um pouco as apresentações presenciais. Seu último show ao vivo foi realizado no final de maio, quando se apresentou com Reza Khan e banda no Blue Note Jazz Club em Nova Iork.
Milene Corso canta e encanta lá fora
Arquiteta de formação, Milene Corso fez da música a sua profissão. Tudo começou em Rio Claro com as aulas de piano até chegar ao bacharelado em música (voz). Radicada em Nova York, ela dedica seu tempo na direção e arranjo do “Madrigal Cor Da Voz”, além de se dedicar ao ensino como professora de Dalcroze e Dalzuki na Lucy Moses School of Music, em Manhattan. Além disso, ela também integrou o “Riverside Choral Society” com o qual se apresentou no Carnegie Hall, Lincoln Center (Alice Tully Hall e Avery Fisher Hall) e outros lugares de Nova York.
Sua agenda não para e novos projetos estão em andamento. “Estamos em processo de montagem de repertório e ensaios para o próximo espetáculo do Madrigal CorDaVoz, com músicas de Gilberto Gil”, conta Milene, que responde pelos arranjos vocais, regência e direção musical. No entanto, Milene não esqueceu sua cidade natal. “Estou montando um novo espaço para vivências da Metodologia Dalcroze de educação musical e de grupos vocais em Rio Claro”, anuncia. Fora isso, Milene criou recentemente o MoveMúsica (@move.musica), um espaço para o fazer musical coletivo, com atividades para crianças, adultos e idosos.
Com mais de 20 anos de música, completados em 2019, os destaques na carreira são muitos. Porém, como professora, ela destaca a apresentação do coral da escola “Our Lady of Fatima” abertura de um jogo de beisebol do time Mets. O grupo, dirigido por ela, cantou o hino nacional americano.
Rio Claro: talentos para exportação
Rio Claro tem exportado talentos na música, como fez com Dalva de Oliveira e Dom Salvador. Para Mauricio Zotarelli, a cidade é um berço de artistas e revelação de novos talentos. “Acho que Rio Claro tem uma tradição muito grande de músicos e artistas incríveis que estão em evidência pelo mundo afora. Além disso, eu vejo bastante gente talentosa por aqui, fazendo sua música em diversos estilos e tentando alçar voos maiores com sua arte”, avalia Zotarelli, que ressalta a importância de haver mais espaço e oportunidades para que o público possa conhecer mais os talentos locais.
O músico reconhece que o cenário atual não é fácil, mesmo com as novas tecnologias à disposição para criar, gravar e divulgar música. De acordo com ele, os “desafios são grandes”, as ferramentas estão em constante mutação e “o mundo das mídias sociais intimida e desafia, tanto os artistas iniciantes, quanto os mais experientes”. Porém, ele considera que, “mesmo com todos os desafios e dificuldades, a música vale muito a pena” e, por isso, é importante que os artistas continuem lutando em busca do espaço e do respeito que a música e a arte merecem.
Milene Corso tem opinião similar sobre Rio Claro como exportadora de talentos artísticos. Ela cita como exemplos Dalva de Oliveira, Dom Salvador e Tia Joaninha (Epiphanio), de quem é sobrinha-neta. Para quem não sabe, Tia Joaninha cultivou talentos musicais em Rio Claro com programas e atividades, que conquistou prêmios fora da cidade. Segundo ela, “a cidade tem grandes talentos e pessoas fazendo música em diversos estilos” e é importante “que a cidade acolha esses novos talentos com apoio cultural e social”.
Colaboração Edneia Silva / Foto: Divulgação