Apesar de já ter finalizado há muito tempo, a paralisação dos caminhoneiros continua a causar polêmicas.
De acordo com publicação da Agência Brasil, nessa segunda-feira (25) a indústria brasileira ainda sente os efeitos dos 11 dias de paralisação dos caminhoneiros em maio. De acordo com a sondagem industrial divulgada na segunda-feira (25) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), além de terem favorecido o aumento da ociosidade e para o acúmulo de estoques indesejados, as manifestações colaboraram para a queda na produção do país. As empresas de grande porte foram as que registraram maior prejuízo.
A produção do setor industrial caiu para 41,6 pontos em maio, ficando, segundo a sondagem da CNI, “muito abaixo” da linha divisória dos 50 pontos, que separa as situações de aumento e de queda na produção. Também houve recuo da utilização da capacidade instalada para 63%. Com isso, a ociosidade subiu para 37%.
O indicador de evolução dos estoques efetivos em relação ao planejado subiu para 53,3 pontos em maio. Variando entre zero a 100 pontos, esse indicador, quando fica acima de 50 pontos, mostra que os estoques estão acima do planejado.
EMPREGO
Outro índice que apresentou recuo em maio foi o referente a emprego, que, ao registrar 48,3 pontos, se afastou da linha dos 50 pontos. Na avaliação da CNI, a paralisação dos transportes de carga atingiu o setor em um momento em que ele estava com dificuldades de se recuperar.
No caso das indústrias de grande porte, o índice de evolução da produção recuou para 41,6 pontos em maio, índice pouco pior do que o registrado pelas empresas de pequeno porte (42,3 pontos).
Ainda segundo o levantamento, o nível de utilização da capacidade instalada nas grandes empresas em maio ficou em 67%, o que representa uma queda de 4 pontos percentuais na comparação com abril. No caso das médias, a queda ficou em 2 pontos percentuais. Já as pequenas registraram queda de 1 ponto percentual. O indicador de estoque efetivo, que compara o estoque atual com o que era planejado, subiu 5,2 pontos em maio frente a abril, alcançando 57,6 pontos.
A greve dos caminhoneiros atingiu também o otimismo dos empresários. “Embora ainda estejam acima dos 50 pontos, os indicadores de expectativas em relação à demanda, à compra de matérias-primas e de quantidade exportada recuaram em junho”, informou por meio de nota a CNI.
O indicador de emprego ficou em 48,9 pontos, o que, de acordo com a CNI, mostra que os empresários preveem mais demissões nos próximos seis meses. Com isso, diminuiu também o interesse dos empresários em fazer investimentos nos próximos seis meses.
O índice de intenção de investimentos caiu para 50,5 pontos em junho. “Com o resultado de junho, são quatro meses consecutivos de redução da intenção de investir”, afirma a Sondagem Industrial.
A sondagem foi feita entre os dias 4 e 14 de junho com 2.204 indústrias. Dessas, 920 são pequenas, 780 são médias e 504 são de grande porte.
O OUTRO LADO
A classe trabalhadora, representada pelos sindicatos, parece não ver a situação na mesma perspectiva da CNI.
“O crescimento do país vem já há algum tempo em compasso de espera, numa lentidão por conta da crise econômica e política. O que levou caminhoneiros a greve foi a queda abrupta de renda, considerando valor do frete, alto custo dos combustíveis e retração da economia. Essa combinação deixou esses profissionais em desespero, e suas demandas não atendidas acabou em paralização nacional. Como sempre, mais uma vez, algozes tentam responsabilizar os explorados”, defende Francisco Quintino, presidente do Sindicato dos Químicos de Rio Claro.
“O que temos percebido na indústria regional (Limeira, Rio Claro, Campinas), não é retração, muito pelo contrário, temos percebido uma ascenção nos números, mesmo após a paralisação dos caminhoneiros”, opinou o Sindicato dos Metalúrgicos, através de sua Assessoria de Imprensa.
A classe política, analisa de um forma mais suave a situação. “É claro que a intenção dos caminhoneiros foi a melhor possível. Tanto que foram acolhidos pela poulação brasileira de um modo geral. Mas, a greve, ao final, só trouxe benefícios às grandes transportadoras. E, infelizmente, em razão da importância dos caminhoneiros no contexto econômico brasileiro, a paralisação acabou trazendo sim prejuízos à industria e à criação de empregos”, opinou a vereadora Carol Gomes.