O inverno é conhecido como a estação onde há aumento nos casos de doenças respiratórias, mas não é só esse o ponto de atenção com a saúde durante a época do frio. Dados do Instituto Nacional de Cardiologia apontam que a ocorrência de Infarto Agudo do Miocárdio pode aumentar entre 7% e 9% a cada 10°C de queda na temperatura, especialmente em temperaturas abaixo de 14°C. Nesse período do ano, a incidência casos de IAM pode crescer 30% e até 20% entre os casos de Acidente Vascular Cerebral.
Em 2021, houve aumento no registro de casos de doenças do coração entre os meses de junho e setembro, representando 36,8% do total de internados no ano, segundo o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS).
Mas por que isso acontece?
Quando há grande queda da temperatura, o corpo humano passa por uma termorregulação, um mecanismo para regular a temperatura corporal para mantê-la em equilíbrio. A vasoconstrição, que faz parte desse processo, provoca a contração dos vasos sanguíneos e, consequentemente, o aumento da pressão sanguínea, evitando a perda excessiva de calor. Com a queda brusca da temperatura ambiente, a vasoconstrição nos vasos do coração pode resultar em infarto, angina (dor no peito) e até mesmo na morte súbita.
Por isso, no inverno, é importante estar bem agasalhado, manter a prática regular de atividade física e hábitos alimentares saudáveis, evitar o tabagismo e reduzir o consumo de álcool. Estas orientações valem principalmente para aquelas pessoas que já possuem fatores de risco para doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial e diabetes.
É importante, ainda, manter o acompanhamento dessas condições crônicas, procurando uma Unidade Básica de Saúde mais próxima, para o adequado controle dos níveis pressóricos e glicêmicos. As doenças cardiovasculares podem ocorrer em qualquer estação do ano e todos os cuidados devem ser contínuos.
A cada 11 minutos uma mulher morre de AVC, no Brasil, e a cada 12 minutos de infarto
Para a coordenadora científica de ginecologia da SOGESP, Lucia Helena Simões da Costa Paiva, depois da menopausa com a diminuição dos níveis de hormônios sexuais, a incidência de doenças cardiovasculares aumenta muito nas mulheres, mas também podem ocorrer em outras fases da vida, como na gravidez. Já para o presidente da Associação Brasileira do Climatério, Rogério Bonassi Machado, o envelhecimento natural e os fatores associados, como sedentarismo, hipertensão arterial e obesidade, entre outros, fazem com que as mulheres no climatério sejam particularmente mais vulneráveis às doenças cardiovasculares.
“O estudo do climatério envolve necessariamente a avaliação do risco cardiovascular, muito mais afeita ao cardiologista. Por outro lado, a utilização do estrogênio, tratamento mais familiar para o ginecologista, pode trazer dúvidas para o cardiologista. Dessa forma, o assunto é relevante tanto para os cardiologistas quanto para os ginecologistas, que atendem no seu dia-a-dia mulheres que devem ter atenção particular nesse período de vida. A interação entre as entidades de classe focada no assunto tem grande papel na orientação do médico de acordo com as melhores evidencias científicas, motivadas pela discussão entre os especialistas”, contextualiza Rogério Bonassi Machado sobre a importância do evento na SOCESP.
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