Seis e quarenta e sete da manhã.
Banho tomado, barba feita, a xícara de café ao alcance da mão, e a postos diante do computador para escrever este artigo. Nada disso. É de cueca, sem camisa, cara amarrotada de sono, bocejando ainda, resquícios da noite mal dormida, e a famigerada e necessária dose de 500 mg de metiformina de toda manhã, e lá vamos nós, amável leitor, tentar entretê-lo, a partir de agora, a perder 5 minutinhos do seu precioso tempo com uma agradável leitura, assim espero, bom dia.
São 3 mil caracteres, insano e audacioso articulista, não se esqueça disso. Bem, já vou dizendo, Dona Vivian. A leitura é hábito que se adquire com um mínimo de boa vontade e alguma persistência. É um hábito que, depois de adquirido, será melhor apreciado por nós e nos proporcionará prazer. Como começar? Fácil. Comece com textos que tenham as seguintes características: frases curtas, parágrafos breves. Nada de períodos longos que irão cansá-lo, provavelmente. Poesia é uma boa alternativa. Contos, também.
Crônicas de jornal, idem. Se você não tem livros em casa, recorra às bibliotecas públicas e se oriente com as moças dedicadas e educadas que lá se encontram para atendê-lo. Uma dica eu lhe dou se você ainda não tem o prazeroso hábito da leitura: não vá se aventurar com um dos ótimos livros do José Saramago, porque eles irão cansá-lo, desmotiva-lo e fazê-lo desistir, porque tem períodos muito longos.
Beckett também é difícil para iniciantes que, talvez, atravessem o livro, caso consigam, sem entender qual a intenção do autor. Aconteceu comigo. kkkkk Bom, mas a leitura nos permite adquirir conhecimento e distrair a mente. Ela nos proporciona uma viagem para uma outra dimensão da vida, nos permite conhecer e entender melhor os diversos comportamentos humanos. E nos dá a chance de conhecermos muitas histórias.
Afinal, quem não gosta de bisbilhotar ao menos um pouquinho a vida alheia? Se você gosta, eu lhe indico os romances do Machado de Assis. Sacou? Em tempos como o nosso, corridos e meio malucos, onde falta, muitas vezes, o sentido óbvio das coisas que nos dá segurança para saber para onde estamos indo e por que estamos indo, é muito bom poder se refugiar por alguns minutinhos com um livro em mãos, e ocupar o ócio de modo mais prazeroso e inteligente do que ficar, por exemplo, enviando e recebendo os WhatsApp’s da vida, sendo que entre 10, 9 deles não servem para nada.
Imagine aos finais de semana sentar no banco de uma praça, à sombra de uma árvore e dedicar o tempo a uma gostosa leitura? Se a vida é corrida, se não há dinheiro para comprar livro ou tempo para procurar por ele, em meio a tanta tranqueira desnecessária, que a gente, por apego inútil que se dá às coisas materiais sem importância, vai acumulando em casa, lembre-se, futuro leitor de romances de cavalaria, que os livros hoje estão disponíveis na internet e até no celular. Livro, quando bom, é um amigo para todas as horas.
Inclusive, as mais desagradáveis. Minha amiga Rosana, professora do ensino fundamental, costuma ter um livro no seu automóvel, ao qual recorre quando está parada no trânsito caótico de Rio Claro, ou enquanto espera pelos filhos e pelo marido voltarem do dentista, barbeiro, padaria, e por aí vai. Eu comecei a ler muito tarde, confesso. Foi depois de minha separação conjugal, da qual restaram eu, um sofá, o Tomba e alguns livros que eram de meu pai. Aí, certa noite, lembrei que minha mãe, detentora apenas de um quarto ano primário, era ávida leitora daquela coleção de capa dura, vermelha, lançada em meados dos anos 1970 pela editora Abril. Minha nossa!
Lá fui eu aventurar-me todas as noites à fascinante experiência que aqueles livros me proporcionaram. Antes, eu subia até a praça para comprar um cachorro quente, que dividia com o Tomba, naquela proporção nada amigável de 3 pedaços generosos para ele e 1 para mim. Os jornais também são uma ótima opção de leitura. Nem todos, é verdade. O Diário, sim. E agora, você leitor, pode recebê-lo gratuitamente e na comodidade que o seu celular lhe oferece. Basta baixar o aplicativo. Ainda não o fez? Está perdendo tempo.
Faça-o agora mesmo! Daí, então, olha só que legal: você saberá, entre outras coisas muito interessantes, onde estão o creme de la creme de la creme de la nata (ou coisa qualquer que o valha) dos botecos da cidade, na coluna do Odair Favari, aos domingos, e a cada 15 dias, às sextas-feiras, um artigo como este, deste seu amiguinho, assim espero. Valeu? Por hoje, só. Ah, leia! Tente, pratique, adquira o hábito. Insista. Vale a pena. Porque se você atravessou essas linhas de boa, tá no caminho certo, meu caro. Pode crer! Fui…
Por Geraldo J. Costa Jr.