É cada vez mais difícil encontrar os famosos carnês de lojas como antigamente.
Mas eles ainda existem, sim, e ajudam a facilitar a vida de quem não trabalha com cartão de crédito ou cheques. Porém, para os lojistas que oferecem a opção, é sempre um risco.
O comerciante Evaldo Scatolin, proprietário de uma loja de roupas e calçados adulto e infantil no bairro Vila Olinda há 22 anos, continua apostando na modalidade. “Ainda é a preferência dos clientes por ser uma loja de bairro, embora a tendência esteja mudando para o cartão”, diz.
Para se ter ideia, segundo Scatolin, em torno de 70% das vendas em sua loja são feitas pelo crediário. Mas ele também confirma um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (DNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), que mostra que o crediário é a principal modalidade que levou o consumidor a ter o nome negativado. Conforme a pesquisa, 58% dos clientes que buscaram a opção no ano passado deixaram as prestações atrasarem. “A inadimplência é alta, sim, mas temos que arriscar para segurar o cliente com a loja. Para nós, ainda é uma boa opção para o mercado”, declara Scatolin.
Segundo dados levantados pelo Diário do Rio Claro junto à Associação Comercial e Industrial de Rio Claro, o município possui 16.407 pessoas com registros de débito na base do SCPC, gerido pela Acirc. Porém, de acordo com o Gerente Executivo, Clóvis Delboni, a quantidade é maior, sendo 22.358, isso quer dizer que há pessoas com mais de um registro de inadimplência.
Na mesma data do ano passado, eram 12.445 devedores com 16.958 registros. “Isso mostra que tivemos um aumento de 31,83% no número de devedores e de registros”, afirma Clóvis.
Neste ano, do total de 16.407 devedores, segundo a Acirc, 13.093 têm um único registro. Já das 22.358 dívidas, 11.828 são referentes a valores de até 500 reais. “Praticamente confirma a nossa análise sobre a crise, visto que as pessoas estão direcionando seus recursos para o consumo básico”, declara o gerente.
A Acirc, que é uma ferramenta de apoio e gestão de crédito, conta com aproximadamente 500 associados que utilizam o SCPC em Rio Claro, porém, no município não há como saber a origem das dívidas, uma vez que é o próprio associado credor quem faz o registro do inadimplente. Ainda de acordo com o levantamento da Confederação, depois do crediário, aparecem em seguida cartão de crédito e cheque especial. Os dados apontam que 48% dos clientes de cartão de crédito não pagaram a fatura. Já o cheque especial aparece como a modalidade (30%) que menos deixou quem utiliza o serviço com o nome sujo.
Outras informações da pesquisa
Atraso em crediário é o principal responsável pelas negativações; 71% dos consumidores entrevistados pesquisam antes de fazer um financiamento; e 70% procuram saber informações antes de fazer um empréstimo. Quando se fala em encargos de cartão de crédito, três em cada dez dos entrevistados admitem que não avaliam os encargos antes de aceitaram uma proposta e 45% ignoram taxas do cheque especial. 85% dos consumidores estão atentos ao cheque pré-datado, enquanto 77% se informam sobre parcelas de financiamento e 75%, de empréstimos. Por outro lado, o crediário (31%) e o cartão de crédito (30%) são as modalidades que despertam menos atenção.
Serviço
Para os inadimplentes que desejarem consultar seu CPF, é preciso comparecer à Acirc e fazer a consulta. O serviço é gratuito. A Acirc conta com uma central de recuperação de crédito para os associados. O consumidor precisa confirmar se a loja credora está na lista.