O som das grandes máquinas ainda ecoa por Rio Claro. Mas o significado, esse é bem diferente. É o que diga quem teve o privilégio de viver no passado em contato com as locomotivas. Uma relação que nunca será esquecida. “Eu digo que andei de trem mesmo antes de nascer. Minha mãe viajou de São Carlos até Rio Claro para dar à luz”, conta.
E como falar de Rio Claro sem falar da Ferrovia que chegou no município em 1876. E muita gente só conhece os fatos através dos escritos e relatos saudosos. Andar em um trem é coisa rara no país, o que resta então é tentar manter viva a memória de tudo que as estradas de ferro representaram.
O advogado Irineu Carlos de Oliveira Prado hoje com 70 anos ainda guarda e admira o trem de luxo que ganhou ao 5 anos de idade do pai que foi ferroviário por mais de três décadas, Irineu de Oliveira Prado atuou como chefe de trem. Exercia liderança com a categoria, foi diretor do sindicato e vereador em Rio Claro. “Meu pai tinha um amor desmedido pela estrada de ferro. Admiração que carrego comigo também”, diz Irineu Carlos.
Ele relembra que a Companhia Paulista das estradas de ferro era a maior empregadora de Rio Claro, com mais de três mil funcionários nas oficinas e demais departamentos, entre 1900 a 1975 quando a decadência da estrada de ferro se acentuou. Irineu conta ainda que a cidade vivia em função da sirene da Cia Paulista que tocava em vários horários.
A cada lembrança do passado aumenta o sentimento de saudade. “A vontade de andar de trem é fantástica, inclusive por causa da entrevista até sonhei que fazia uma viagem. O que meche comigo é o barulho da roda do trem nos trilhos, isso me emociona muito”, relata.
Hoje além das lembranças Irineu conta um acervo de diversas locomotivas em miniaturas que a fazem relembrar o passado vivido por milhares de famílias em Rio Claro.
Trem metropolitano de passageiros
Em 2016 tivemos a notícia de que o trem metropolitano estava projetado para ir de São Paulo até Americana. Fizemos mais de vinte ofícios e abaixo-assinado com mais de 20 mil assinaturas para incluir o município no projeto.
“Tivemos promessa de que a cidade será incluída nos estudos para saber a viabilidade. Porém está tudo parado, na base de planejamento”, salienta.
Reestruturação do Núcleo
De olho na memória o núcleo de Rio Claro da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária vem sendo reestruturado com a nomeação de nova diretoria. O advogado é um dos coordenadores do núcleo que conta com 23 membros.
A mudança precisa da retirada do arquivo morto do local, em uma das salas localizada na estação. “Já temos um acervo grande e rio-clarenses que dispõe de peças nos ajudaram, vamos fazer contato com as entidades que representam a ferrovia e os ferroviários em Rio Claro”, salienta.
O objetivo do núcleo é realizar palestras, discussões e implantar um pequeno museu que deve retratar o que realmente a ferrovia representa para a cidade.
Sobre a transferência das oficinas ferroviárias da região central para o Jardim Guanabara o advogado avalia. “Eu vejo como possibilidade remota, pois a informação é de que a mudança das oficinas está entre as últimas prioridades do Departamento Nacional de Transporte Terrestre – DNIT, algo como 22º lugar. Só o projeto deve custar 2 milhões de reais. Isso vai demorar”, comenta.