O ano de 2021 não foi fácil. Desafios, provações, incertezas, tristeza, desespero, desalento, foram apenas alguns dos sentimentos que permearam o ano que parecia não acabar e da pandemia que ainda parece nos perscrutar sorrateiramente. Apesar das perdas, o que ficou foi o aprendizado e o que nos deixou mais fortes, um sentimento único e uníssono de esperança.
Foi no dia 21 de janeiro de 2021 que a primeira dose da vacina contra a Covid-19 foi aplicada em Rio Claro. Naquela tarde, estar ali presente e ser responsável pela aplicação da primeira dose é um fato que estará marcado para sempre na vida do enfermeiro Eric Mota, de 41 anos, e da enfermeira Valeska Hamori Canhamero, de 42 anos.
“Estávamos em um momento muito complicado da pandemia e tínhamos na vacina a grande esperança para mudar aquele cenário que estávamos vivendo. A sensação foi de alegria e esperança e também me senti privilegiado em fazer parte de momento tão importante. Representou a esperança e a tranquilidade de que vidas seriam preservadas com a vacinação de todos”, declara Eric, chefe de Seção Direção Técnica do Pronto Atendimento do Cervezão e que atua na área há 21 anos.
Para Valeska, que é enfermeira há 19 anos e atua na Vigilância Epidemiológica, estar presente e vacinar a primeira pessoa em Rio Claro foi uma emoção indescritível. “Diante de uma doença nova, com tantas incertezas, participar daquele momento me trouxe esperança de dias melhores.” Além disso, ela descreve a vacinação como uma luz no fim do túnel, que nos deu esperança de estarmos juntos novamente.
“Não digo só por mim, mas para a grande maioria. Ficamos longe de nossos familiares por muito tempo. Perdemos muitas pessoas, famílias inteiras. Quem não perdeu algum familiar perdeu um amigo ou um conhecido. Para muitos, o último contato com o ente querido foi no dia em foram hospitalizados e depois nem conseguiram se despedir. Trabalhando na Vigilância Epidemiológica sabemos de muitas histórias, vivenciamos de perto a dor de muitas famílias, passamos por um momento devastador.”
O sentimento é compartilhado pelo motorista Roberto da Silva, de 50 anos, que realiza o transporte das vacinas e atua há 21 anos na Fundação de Saúde. “Com as primeiras doses sendo aplicadas, vivenciamos uma sensação de alívio, de que tudo estava resolvido. Infelizmente, isso não se confirmou naquele momento. Apesar de a pandemia ainda não ter terminado, com a vacinação, hoje vivemos dias melhores, graças a Jesus e à ciência.”
DEVER CUMPRIDO
O período representou um grande desafio para todos. Porém, para os profissionais de saúde as dificuldades foram imensas. “Foi assustador, muito triste, mas trouxe um crescimento imensurável para a enfermagem tanto no aspecto técnico quanto humano. O sentimento é de dever cumprido. A equipe trabalhou exaustivamente, comprometida, e não deixou a ‘peteca cair’. Infelizmente vidas foram perdidas, mas muitas pessoas foram atendidas e venceram a Covid. A cada paciente que recebia alta era uma emoção inexplicável”, aponta Eric.
SATISFAÇÃO
Para Nedilson Outra, de 32 anos, técnico de enfermagem que atua na vacinação e trabalha na área da saúde há 10 anos, o período representou um aprendizado.
“O cuidado com a nossa vida e com a dos nossos entes queridos. Para mim simbolizou a luta pela vida, momento de muito trabalho e aprendizado com a dor e a perda de tantas pessoas. Todos perceberam o quanto os profissionais da saúde são essenciais”, afirma, definindo o ano de 2021 como um desafio e satisfação.
“Depois de tudo que enfrentamos nesse ano de muito trabalho, ver a maior parte da população vacinada é uma satisfação enorme.”
UNIÃO
Na opinião de Roberto, o período reforçou a união. “A pandemia reforçou que somos todos iguais, que unidos todos vencemos e que precisamos acreditar mais e amarmos uns aos outros, como está escrito na palavra (de Deus), e que só assim seremos todos felizes.”
“O sentimento hoje é de gratidão por conseguir chegar ao fim deste ano. Um ano que foi marcado por tristeza e, ao mesmo tempo, feliz com o avanço da vacinação, fundamental para que vidas fossem preservadas. Agradecendo a Jesus e sempre acreditando”, conclui o motorista.
GRATIDÃO
Segundo Valeska, o período mostrou a capacidade de sermos altruístas. “Como profissional de saúde, posso dizer que foi desafiador por estarmos diante de uma doença desconhecida, num cenário incerto em que as pesquisas traziam novidades a cada dia. Ao mesmo tempo mostrou o quanto podemos ser altruístas. Todos trabalharam incansavelmente nessa pandemia.”
Além disso, enfatiza a palavra “gratidão”, como um resumo dos tempos vividos.
“É o que tenho por todos. A vacinação realizada nesse ano em Rio Claro mostrou o quanto podemos ser grandes quando há união. Gratidão a todos os envolvidos nesse trabalho. Gratidão a toda equipe da Vigilância Epidemiológica. Gratidão pela parceria dos hospitais Unimed, Santa Filomena e Santa Casa. Essa união foi de extrema importância para conseguirmos vacinar o maior número de pessoas em um curto espaço de tempo. Gratidão pela Fundação Municipal de Saúde acreditar e confiar no nosso trabalho”, finaliza.
Foto: Eric Moto, chefe de Seção Direção Técnica do Pronto Atendimento do Cervezão, aplicando a primeira vacina em Rio Claro