O Diário do Rio Claro traz entrevistas com Paulo Meyer, radialista, colunista do Diário, graduado em Gestão Pública, membro do Conselho Gestor da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e ocupa cargo de Assessor dos Direitos da Pessoa com Deficiência em Rio Claro.
Rio Claro está avançando em políticas públicas para pessoa com deficiência?
Tivemos um ano complicado devido à pandemia, e muito do trabalho foi realizado em razão do momento em que vivemos, no início do ano voltamos o nosso olhar para importância de orientações sobre a pandemia às pessoas com deficiências, divulgando material sobre cuidados com a Covid-19. No início da vacinação de pessoas com deficiência, no mês de maio, um importantíssimo trabalho em rede foi realizado, com a educação, conseguimos a colaboração de intérpretes de Libras, no polo de vacinação do Centro Cultural, naquele início foi fundamental para tirar dúvidas e orientações, além de conseguirmos junto à Saúde organizar com apoio da mobilidade urbana estratégias do transporte público e o programa Incluir (Transporte porta a porta para cadeirantes), para auxiliar e priorizar o transporte para a vacinação destes munícipes, ainda o apoio fundamental do desenvolvimento social na divulgação.
Devido ao isolamento social e o crescimento da vulnerabilidade social, junto o Programa Todas In Rede da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, durante o ano foram realizadas quatro capacitações para mulheres com deficiência voltadas ao empreendedorismo de forma online, e formação de auxiliar administrativo para todas as pessoas com deficiência interessadas, além de conseguirmos junto à Secretária de Estado, Célia Leão, 200 cestas básicas, para doação para pessoas com deficiência e seus familiares, com vulnerabilidade social, neste momento de emergência.
Neste ano ainda conseguimos, formar comissão para trabalhar o tema “Inserção de pessoas com deficiência no ensino superior”, foi realizado o primeiro encontro municipal sobre doenças raras, primeiro encontro municipal de Cegos e Baixa Visão, curso de Libras online, capacitação para rede de proteção da mulher com deficiência vítima de violência, em parceria com a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e projeto hora do silêncio voltado a pessoas com transtorno do espectro autista, em mercados e comércios, em parceria com instituto Incluir.
Além disso com grande apoio do Secretário de Cultura Professor Dalberto Chritofoletti, polos da Cultura como o Casarão da Cultura estão sendo acessibilizados, e projeto voltados a pessoa com deficiência dentro da pasta, como o acordes da inclusão (aula de canto e teclado para pessoa com deficiência), já estão acontecendo.
Apesar das conquistas precisamos ainda avançar
Sim, sempre é necessário avançar, mais e mais, vivemos em um País com mais de 17 milhões de pessoas com deficiência. No estado de São Paulo com 3.401.403 milhões e em uma cidade com a estimativa de 12.801, é lamentável que a invisibilidade ainda persista e, muitas vezes, principalmente em âmbito nacional, inúmeras vezes são patrocinadas ações que atentam contra a inclusão, como a tentativa de mitigar a educação inclusiva e a mais recente revogação do artigo da Lei Brasileira de Inclusão, sobre a improbidade para gestores que não se atentarem sobre as legislações de acessibilidade, feita pelo Presidente da República, através da sanção da Lei de Improbidade. Cotidianamente estamos lutando nos dias de hoje contra os intentos de retrocesso, e a partir daí se torna evidente e se potencializa a visão ainda de muitos, com foco em exclusão e segregação, quanto, isso é a acessibilidade atitudinal que persiste em ser um obstáculo para a evolução da consciência social.
Na sua opinião o que é preciso para que aconteça a verdadeira Inclusão?
Chamo isso de “cura social”, primeiro a pessoa com deficiência deve se reconhecer com sua limitação, mas também com suas potencialidades, a família e a sociedade entenderem seu papel nesta transformação e entenderem que somos diversos, cada um com sua especificidade, e precisamos buscar o ambiente social, laboral onde todos possam, cada um de sua forma contribuir, não é a deficiência que nos faz, nem mais inteligentes e nem limitados, e sim o contexto, o que a sociedade prepara para nosso convívio. Uma pessoa com deficiência física que utiliza cadeira de rodas não consegue subir uma escada, mas uma rampa sim, um deficiente auditivo pode não conseguir se comunicar através da língua portuguesa, mas em Língua Brasileira de Sinais sim, uma pessoa cega pode não ver, mas se utilizar tecnologias assistivas como a áudio descrição, poderá mais que ver enxergar, uma pessoa com deficiência intelectual, ela pode não ter o entendimento na forma que você tem, mas de outra forma sim, a sociedade precisa se preparar para diversidade.
Por Redação DRC / Foto: Divulgação