Cesar Roberto Camargo, da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Rio Claro (Sindimuni), confirmou o resultado de levantamento feito pelos conselhos de Medicina, Enfermagem e Farmácia e que apontaram que 70% dos profissionais de Saúde já foram agredidos durante atendimento.
“Infelizmente, essa é uma realidade nacional. A carência de materiais e medicamentos e a qualidade dos serviços do atendimento público são os principais motivos de descontentamento que geram agressões físicas, ameaças, danos materiais, dentre outros gêneros”, esclarece.
De acordo com o sindicalista, as queixas que são reportadas aos Sindimuni são as mais graves.
“As queixas de situações de violência não chegam para análise do Sindimuni, pois são situações eventuais que acabam por ser solucionadas pela própria equipe ou pelas pessoas da própria comunidade, chegando a um consenso. Tais ocorrências são eventualidades, portanto, acontecem e são passíveis de prevenção. Os casos que nos chegam são os mais graves e que necessitam de atenção.
Situação em que a gestão nos precariza”, declara.
Para Camargo, os motivos para as ocorrência são “perfil sócio-cognitivo e a quantidade de usuários que utilizam o serviço de atendimento público, acrescido da carência de recursos humanos, falta de medicamentos e leitos hospitalares”.
LEVANTAMENTO
A precariedade do atendimento à Saúde no Brasil tem reflexo direto com a violência sofrida pelos profissionais da Saúde no exercício de suas funções, mostrou levantamento inédito do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) e Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP).
Dos 6.832 médicos, profissionais de enfermagem e farmacêuticos que participaram da sondagem, 71,6% responderam já ter sofrido violência no exercício da profissão. Os profissionais até 40 anos e as mulheres são as principais vítimas das ocorrências.
Sete em cada dez médicos e seis em cada dez profissionais de enfermagem disseram ter sofrido a violência em instituição pública, enquanto que, para os farmacêuticos, 70% dos casos de violência ocorreram no setor privado. O principal tipo de agressão sofrida pelos profissionais é verbal – 90% para profissionais de enfermagem, 47% para médicos e 89% para farmacêuticos.
A violência física é o segundo tipo com maior incidência, atingindo 21% dos profissionais de enfermagem, 18% dos médicos e 7% dos farmacêuticos.
RESPONSÁVEIS
A violência acontece, em maior incidência, por parte dos próprios pacientes, seguidos por familiares e acompanhantes em segundo e terceiro lugares dos que mais agridem os profissionais.
As filas e a demora no atendimento são as principais motivações da agressão contra os profissionais resultando em 66% dos casos de violência contra profissionais de enfermagem, assim como 56% e 53% quando envolvem farmacêuticos e médicos, respectivamente.