A pandemia mudou a realidade do mundo todo, trouxe adaptações no universo familiar, de trabalho e escola. Para as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (Tea) e suas famílias os desafios também foram inúmeros. De acordo com o último censo do IBGE, a estimativa da ONU é de que 1% da população tem autismo e ao longo de quase dois anos o atendimento dessas pessoas ficou prejudicado. “Muitos autistas não tiveram nenhum tipo de atendimento no período de pandemia, muitos sem terapia, sem estimulação tiveram grandes retrocessos, perdas de habilidades”, relatou Thais Rodrigues Lopes que é coordenadora municipal do Movimento Orgulho Autista Brasil (MOAB).
Ela salienta que as crianças tiveram bastante perdas pedagógicas, principalmente por geralmente precisarem de material adaptado. “Os pais em geral, vejo que recorreram aos eletrônicos, para poder trabalhar, estudar e para, de alguma maneira proporcionar lazer. As crianças ficaram muito tempo sem atividades e quando vieram, não foram adaptadas para o que realmente aquele aluno precisava (a maioria das professoras nem conhece os alunos).”
Ela avalia que o retorno efetivo das aulas presenciais será um desafio ainda maior. “Será um novo começo. Será uma nova adaptação que deve ter um olhar voltado pra cada especificidade, alguns vão ter que voltar com tempo reduzido e ir aumentando aos poucos, talvez precise sair um pouco da sala, uma adaptação para necessidade de cada um”, avalia.
Segundo dados do Centro de Controle de Doenças e Prevenção, dos Estados Unidos, em matéria publicada pela Agência Brasil, existe um caso de autismo a cada 59 crianças.
Autismo infantil
O quadro do autismo infantil engloba uma série de aspectos do desenvolvimento infantil que se manifesta em maior ou menor grau de acometimento – e, por isso, utiliza-se a noção de espectro. O diagnóstico de TEA passou a englobar três quadros clínicos principais: Autismo clássico (aquele tipo mais conhecido, em que há um comprometimento nas áreas de interação, comportamento e linguagem, além de relevante déficit cognitivo), o Autismo de Alto funcionamento (ou Síndrome de Asperger: os portadores conseguem se expressar através da fala e são muito inteligentes, acima da média da população) e Distúrbio Global do Desenvolvimento (tem características do TEA, como alteração de interação e comportamento, mas não há um diagnóstico fechado).
Por Janaina Moro / Foto: Unicef/ONU