Com o aumento dos preços da carne de origem animal, esse alimento tem deixado de ser prioridade na mesa da população brasileira. Pesquisas realizadas nos últimos 12 meses registraram um aumento de 16,2% nos preços, e uma consequente redução de consumo que pode chegar a até 70%, dependendo do estado. Além dos valores cada vez mais expressivos, especialistas apontam que a mudança de hábito também tem sido fator determinante para esses números.
Na contramão desse movimento, um outro dado tem chamado a atenção de profissionais ligados ao setor alimentício, o crescimento do consumo de carne à base de proteína de soja e outros grãos, principalmente, por parte de consumidores curiosos, agora chamados de flexitarianos. “São pessoas que não aderiram ao vegetarianismo e nem ao veganismo, mas, que abriram espaço para alimentos de origem vegetal”, explica a empresária e empreendedora e cozinheira vegana Elaine Santos.
Segundo uma pesquisa do Ibope, solicitada pela Sociedade Vegetariana Brasileira em 2018, 14% da população brasileira se diz vegetariana, e em uma nova pesquisa feita pela IPEC – Inteligência em Pesquisa e Consultoria, em fevereiro de 2021, 46% da população brasileira já não consome carne animal por vontade própria, ao menos uma vez por semana.
Para Elaine, essa mudança de hábito vem desde questões ligadas à economia e sustentabilidade quanto por influência. “Hoje temos artistas e muitos influenciadores digitais que são adeptos ao veganismo ou vegetarianismo e acabam trazendo esse público novo. Com isso, vemos um aquecimento desse mercado de produtos à base de plantas”, destaca.
Desde que abriu a loja em 2019, a cozinheira Elaine Santos registrou um aumento de 65% no número de consumidores. A partir daí, resolveu empreender e criar a sua própria linha de produtos. Uma vantagem, segundo ela, que é a proteína de soja, por exemplo, tem um rendimento superior, a carne vegetal após hidratada aumenta e ganha volume, diferente da carne animal que reduz após o cozimento, o que significa também, mais economia para o bolso do consumidor. “Com isso, o preço acaba ficando mais atrativo, porque o aproveitamento é maior”, diz.
Sobre o sabor, a indústria de alimentos à base de proteína vegetal tem se reinventado para atender todo tipo de público. “Hoje as opções são diversas e têm promovido novas experiências. O tradicional churrasco, por exemplo, já pode ter opções como o bife de soja na mostarda, bife defumado, espetinho de quibe, espetinho kafta, espetinho com carne à base de soja com cebola e pimentões, pão de alho, entre outros”, destacou a cozinheira.
Uma pesquisa recente da Allied Market Research, estima que o mercado global de proteínas vegetais deva alcançar um faturamento equivalente a 14,9 bilhões de dólares até 2027, o que representa mais do que o dobro em comparação a 2020, que chegou à marca de 5,6 bilhões. “Mas, ao contrário do que algumas pessoas pregam, não há uma guerra entre as indústrias. O que queremos é a possibilidade de atender esse novo consumidor que faz a opção por um alimento que não seja de origem animal, seja pelo motivo que for. Tenho me preparado cada vez mais para oferecer um produto de qualidade, com um sabor que seja inesquecível. Aos poucos as pessoas vão se referir a esses produtos pelo nome que eles têm.”
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