Convivemos com determinadas leis, resoluções e normas ambientais que prejudicam o aumento de nossa biodiversidade, contribuindo para o extermínio de espécies de nossa flora nativa, por decisões equivocadas de nossas autoridades que impedem a coleta de sementes em unidades de conservação e em demais áreas que se dizem monitoradas pelo ministério do Meio Ambiente, Instituto Florestal e demais siglas governamentais.
Conforme a Resolução SMA – 68, de 19-9- 2008, que estabelece regras para a coleta e utilização de sementes oriundas de Unidades de Conservação no Estado de São Paulo, exigindo uma documentação absurda para quem deseja coletar uma centena de sementes para a sua doação, comercialização e para a produção de mudas.
A resolução exige que apresentemos um termo de responsabilidade técnica, quanto a origem e destino das sementes, qualificação profissional da equipe de coleta, dados cadastrais do responsável técnico, incluindo seu registro no Ministério da Agricultura e uma série deoutros documentos elaborados com o intuito de desestimular qualquer brasileiro que queira preservar alguma espécie de nossa flora.
Temos a consciência que a coleta deveria ser monitorada e executada por coletores com uma certa qualificação técnica, como agrônomos, engenheiros florestais, viveiristas, que conhecessem o período exato de maturação desses frutos com suas sementes, mas com menos burrocracia.
O resultado desta burrocracia, estamos assistindo de camarote, onde no atual período de estiagem prolongado, com o aumento insustentável dos focos de incêndios florestais, estamos vendo a nossa flora (sem contar a Fauna) se extinguir num passe de mágica, onde espécies rasteiras, arbustivas e arbóreas, algumas endêmicas, viram cinzas e sem chance alguma de se reproduzirem naturalmente ou com nossa ajuda.
Proíbem nosso acesso a esses bancos de sementes, onde a coleta manual não traria nenhum dano ao ecossistema local, inclusive, estaríamos contribuindo com o aumento da biodiversidade, produzindo mudas e disseminando seu cultivo regional.
Vem as queimadas e devastam enormes áreas onde habitavam as espécies de nossa flora, as mesmas que éramos proibidos de coletar suas sementes, ocasionando sua extinção, e cadê o termo de responsabilidade técnica do cara que ateou fogo.
Em 2.013, há oito anos atrás, o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), estimava que a Bacia Hidrográfica do rio Corumbataí, onde nossa Rio Claro e região está inserida, tinha um déficit de 20 milhões de árvores, ou seja, em nossas áreas de preservação permanente, encostas de morros, incluindo também nossas matas ciliares que protegem nossos recursos hídricos, estão faltando 20.000.000 de árvores, um saldo negativo na produção de mudas nativas, principalmente quando somos proibidos de ter acesso as sementes.
Há pelo menos uma semana a serra de Itaqueri está ardendo em chamas, sem contar outras áreas de nossa Bacia Hidrográfica. Quantos outros 20 milhões de árvores vamos somar aos 20 milhões já estimados em 2.013 pelo Consórcio PCJ.
Vamos desburrocratizar a coleta de sementes nas unidades de conservação, em vez de por fiscal para proibir a coleta de sementes, coloquem fiscais para impedir esses criminosos de atearem fogo para limpeza de pastos e controle de pragas, antes mesmo que nossas unidades de conservação se transformem em desertos.