Um dos jogos mais esperados desse fim de semana, o clássico entre Brasil e Argentina foi paralisado, na tarde desse domingo (5), depois de agentes da Polícia Federal e Anvisa entrarem em campo. O motivo, segundo as informações das autoridades, foi devido a infrações causadas por quatro jogadores da Seleção ‘hermana’, que teriam dado declarações sanitárias falsas, desrespeitando o regulamento de covid-19 para estrangeiros.
Em quase 6 minutos de jogo, aconteceram pouquíssimos lances de passe, com algumas faltas e até desentendimentos entre jogadores das duas Seleções. Televisionado, os organizadores da partida tentaram barrar as autoridades, mas sem sucesso, o jogo foi suspenso pela Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol).
RUMOR
De acordo com a agência de vigilância sanitária do Brasil, tudo começou com um “rumor” comunicado à Coordenação de Vigilância Epidemiológica de Portos, Aeroportos e Fronteiras, na sexta-feira (3). Segundo o informado, quatro atletas teriam entrado em solo brasileiro sem cumprir as ordens de quarentena – desrespeitando as novas normas expedidas pela Casa Civil.
PORTARIA
A Portaria nº 655, de 23 de junho de 2021, publicada no Diário Oficial da União, informa que diante das novas variantes de covid-19 nos países do “Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, na República da África do Sul e na República da Índia”, aqueles que passarem por esses países devem realizar uma quarentena com, no mínimo, 14 dias, e devem também apresentar dois resultados de PCR com o mesmo intervalo de tempo. Sendo o último, feito 72h antes do embarque para o Brasil.
A partir da investigação das autoridades, descobriu-se ainda que Fernando Ariel Batista, membro da delegação argentina, falsificou declarações preenchidas, informando que os quatro atletas não teriam passado pelo Reino Unido – o que estranhou as autoridades pelo fato dos quatro jogadores fazerem parte da Premier League (futebol inglês).
NÃO FOI POR FALTA DE AVISO
Segundo apuração do G1, que teve acesso a documentos detalhados da situação, a Anvisa ainda chegou a notificar a CBF do problema, às 10h da manhã de sábado (4). Os irmãos argentinos também foram notificados para que os quatro jogadores “permanecessem nos seus quartos” no treino, às 18h30, na Neo Química Arena.
Sem solução para o problema, uma reunião foi feita entre representantes da Conmebol, CBF e Delegação da Argentina, às 17h do mesmo dia. Também estavam presentes autoridades, a equipe técnica do Ministério da Saúde, o Ministro da Saúde em exercício, além da Vigilância Epidemiológica e Sanitária do Estado de São Paulo.
Na reunião, os representante da Conmebol, junto da Delegação argentina, teriam sido orientados a formalizar um pedido de excepcionalidade ao Min. da Saúde e à Casa Civil, para que os quatro jogadores pudessem treinar mais tarde e jogar a partida no dia seguinte, conforme análise dos ministérios.
Por Samuel Chagas / Foto: Lucas Figueiredo/CBF