Quantas histórias para contar da querida Cidade Azul que a acolheu e também de muitas e outras acompanhadas pelas páginas do Diário do Rio Claro ao longo de muitas décadas. “O meu querido Diário”, como a dona Mirtes Lourenço, de 70 anos, gosta de definir. Ela é uma leitora assídua do Centenário, não aderiu à internet e prefere ter em mãos todos os dias o seu exemplar. “Eu não quis aderir à internet. Se eu tivesse em época de trabalho, o computador seria apenas para trabalho. Não é a mesma coisa, o jornal faz companhia para você. Tenho saudades da nossa cidade do passado, não tinha tanta maldade como hoje. Você atravessava a cidade a pé, pegava o trem das 6 da manhã, via padeiro, leiteiro, o leite ficava na garrafa na área, o saquinho de pão junto. Essa é uma saudade da nossa cidade, quando o Diário já circulava”, relembra.
Mirtes chegou à Rio Claro aos 10 anos de idade, construiu sua própria história no município como comerciante, mulher, mãe e moradora participativa. Até hoje gosta de acompanhar nas páginas do Diário todas as notícias, até aquelas que são menos representativas para ela, porém entende a importância para o próximo. “De modo geral, eu gosto de ler tudo, fico informada. Gosto de ler proclamas de casamento, notas de falecimentos, as novidades, coisas que estão acontecendo na cidade, tudo faz parte de conhecimento”, salienta.
Seu relacionamento com o Centenário foi justamente quando a comerciante buscou dar visibilidade ao negócio que administrou por muitos anos, uma lavanderia, nascia então uma relação de fidelidade. “Eu procurei o Diário para fazer um anúncio da lavanderia e passei então a ser assinante também. Deu muito resultado, não era tudo tão fácil como hoje, depois de um tempo eu vendi o comércio. O jornal era na Rua 5 com avenidas 1 e 3, a partir daí comecei a assinar. Isso foi em abril de 1975.”
E lá se vão 46 anos como assinante do Diário do Rio Claro, mas o vínculo começou bem antes. “Eu me lembro de muito mais tempo, quando menina eu estudava no Colégio Marcelo Schimdt e passava em frente ao jornal”, diz.
Mirtes faz questão de manter-se fiel não somente à leitura que a deixa informada, mas especialmente a este periódico. Segue um ritual, com tranquilidade e dedica um tempo de suas manhãs para folhear cada página. “Eu sou apaixonada pelo Diário, eu brigo pelo meu Diário. É hábito, eu gosto do jornal de manhã, meus filhos fizeram faculdade e sempre acordei muito cedo e continuo assim. Levanto, cuido de mim, faço meu café, abro a minha porta, respiro tranquila, pego meu jornal Diário e vou ler tranquila. Leio a primeira página, a segunda, e sigo, a última que vou ver é a minha cruzadinha, depois faço as outras atividades do dia, isso é sagrado”, declarou.
Além do Diário, dona Mirtes conta com um outro grande aliado que para ela não passa um só dia despercebido. Ajuda no raciocínio, inclusive é um dos instrumentos utilizados por diversos médicos para tratamentos relacionados à perda de memória. De acordo com estudos, a prática pode rejuvenescer o cérebro. A Mirtes não precisou de recomendação, é algo que ela faz por prazer. As famosas palavras cruzadas. “Eu amo as minhas palavras cruzadas, aprendi a gostar com o Diário e desde então eu não deixo mesmo, eu poderia comprar os caderninhos, meu filho já falou de trazer um pacote, eu não quero. Eu vou de página em página, lendo o que eu quero e por último chego na minha palavra cruzada, eu tenho um sentimento de alegria, não sei explicar, é um prazer. Faço todos os dias, tenho satisfação em mostrar para mim o que eu sei. Às vezes fica de um dia para o outro faltando uma palavra, mas enquanto eu não termino eu não sossego, não faço cópia e não pesquiso, é do meu conhecimento. A cruzadinha do Diário é de uma variedade, exige um grande conhecimento da gente. Uma vez tiraram eu fui saber porque tinham tirado, fui reivindicar imediatamente, aí voltou”, conta.
Mirtes é uma das grandes apoiadoras e defensoras do jornal impresso. Se diz feliz em também poder fazer parte. “O jornal impresso não vai acabar. Não sou só eu que gosto e prefiro, muita gente ainda tem esse prazer”, avalia.
ALIADO NA PANDEMIA
“Se eu não tivesse meu jornal Diário ia ser difícil na pandemia. Ele me traz companhia, conhecimento, tudo que preciso.”
CREDIBILIDADE
“Eu admiro a competência, a honestidade, o trabalho. São 135 anos e continua com o mesmo alicerce, isso também mostra sua credibilidade.”
Por Janaina Moro / Foto: Diário do Rio Claro