Aos 43 anos, Marcelo Montenegro Lapola coleciona realizações. Jornalista e Físico, Lapola trabalhou por 17 anos em um periódico de Rio Claro, escreveu para uma revista local, foi correspondente da Folha de São Paulo e do Jornal Lance.
Além do trabalho no mercado editorial, atualmente, é mestrando em Física no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), em São José dos Campos. No mês passado, começou a assinar semanalmente artigos no Diário do Rio Claro. Em seu currículo estão entrevistas memoráveis como as realizadas com o Mestre da Televisão, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, além de outros ícones como Pedro Bial, Washington Olivetto e Willian Bonner. Aperte o REC, pois domingo você conhece um pouco mais dessa personalidade rio-clarense!
Como surgiu o jornalismo na sua vida?
“Quando conheci a escrita provocativa de Paulo Francis, algumas vezes ácida e de grande erudição em suas crônicas semanais.”
O trabalho que desenvolveu com suas crônicas é bastante lembrado.
Em sua opinião, a que se deve esse reconhecimento? “Tento escrever sobre o que sinto e sobre aquilo que me provoca. Penso que muitos compartilham sentimentos semelhantes. Daí a identificação de alguns, mas também tento seguir por aí ‘desafinando o coro dos contentes’.” (risos)
Você já transitou pelos mais diversos campos de atuação, quais atividades vem desenvolvendo?
“Sou Assessor de Comunicação da Prefeitura de Rio Claro e Fundação Municipal de Saúde e também faço mestrado em Física no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), em São José dos Campos.”
São áreas bem distintas, com qual delas mais se identifica?
“Um trabalho influencia o outro. A dedicação que os estudos da Física exigem mais e pedem disciplina para o trabalho na Prefeitura. E a Literatura, bem, é onde a gente se encontra, muitas vezes com respostas às nossas inquietudes ou provocações. E na arte que habita muitas explicações de quem somos. É a mais humana das atividades. Só para ficar em um exemplo, a Literatura de Dostoievsky se antecipou à psicanálise com um único livro: ‘Crime e Castigo’.”
Você sempre foi entrevistador, agora, sendo o entrevistado, que pergunta gostaria de fazer a si mesmo?
“Marcelo, você é você ou as suas circunstâncias?”
Ao se lembrar do passado, o que se arrepende de ter feito e de não ter feito?
“Há sempre arrependimentos inconfessáveis, feridas mal curadas e desejos irrealizados, mas isso tudo também me construiu, me fez, me refez. Afinal, somos o resultado da distância entre o que sonhamos e realizamos, transitando no limite entre o ideal e o possível.”
O que falta para a Cultura Local e Nacional?
“Para a Cultura Nacional é preciso que se desvincule do esquerdismo, do partidarismo. E que haja condição da iniciativa privada financiar mais os projetos, sem torcida. Para a Cultura Local, bem, temos de participar, mais e mais.”
Quem é Marcelo Lapola?
“Alguém que tenta, por pura rebeldia, em meio a tanta aceleração, manter o olhar de menino para tudo. Para que não fique refém dos ‘planos de vida’ e da obsessão que muitos tem de tentar ter tudo sob controle, tento pensar todos os dias que meus dias são curtos e que de repente o Bom Senhor possa me levar, assim, em um sopro.”
Como você enxerga o atual momento no Brasil?
“A fumaça da corrupção, da desfaçatez, da falta de perspectivas para um Projeto Nacional me embaça a visão. Não consigo enxergar.”
CARA A CARA
RIO CLARO: Minha casa
CULTURA: Necessária, como beber água
INESQUECÍVEL: Minha avó Valentina e meu avô Oscar
PARA ESQUECER: Ditadura Militar
SAUDADE: Das tardes com amigos, na Rua 3
EXPECTATIVA: Ver Cecília, minha filha, crescer
UM LUGAR: Roma (Itália)
UM MOMENTO: Ao entrar pela primeira vez na Basílica de São Pedro, no Vaticano
UM ÍDOLO: Albert Einstein
UM SONHO POSSÍVEL: Voltar à Itália
UM SONHO IMPOSSÍVEL: Voltar a ser criança
UMA FRASE: “Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo.” (Michel Focault)
UM LIVRO: A Bíblia. Além do caráter sagrado que tem para mim, é o livro fundador da Civilização Ocidental Moderna.
UMA MÚSICA: Todas as Variações Goldberg, do Bach, tocadas por Glenn Gould
UMA PALAVRA QUE O DEFINA: Busca
PINGA FOGO
MUDARIA DE CALÇADA AO CRUZAR COM: A morte
MAL MAIOR: A falta de amor
NÃO MERECE O MEU RESPEITO: Quem acha que está certo sempre
A POLÍTICA É: Fundamental para a vida
NÃO SIMPATIZO, MAS RESPEITO: A mim mesmo, em algumas situações
NÃO RESPEITO, MAS SIMPATIZO: Comigo, em outras
Por Vivian Guilherme