O primeiro herói de um filho(a) sempre é o pai. Ao passar dos anos, outros podem até tentar ocupar este posto, como aqueles que usam capas e salvam o mundo em telas de desenhos, mas na verdade, o primeiro nunca será substituído. E os heróis desta matéria especial não usavam capas ou “superpoderes” de filmes, eles usam ou usavam fardas e, sim, contribuíram e contribuem muito para defender e proteger a sociedade. Eles fazem um juramento e escolhem a sua missão. Missão esta que alcança as gerações. Quando crianças viam os pais saírem de casa com o juramento de defender a Pátria com a própria vida se preciso fosse, hoje, em algumas famílias os papéis já se inverteram e são os pais que estão em casa à espera do filho que também sai para a incumbência que lhe foi confiada, sem saber o que encontrará pela frente, mas na certeza de dever cumprido.
As lembranças de ver o pai sair para o trabalho nunca serão esquecidas. E os heróis conseguiram transferir não só a paixão pelo ofício, mas também os valores para os filhos seguirem na vida e em suas jornadas profissionais. É assim que Daniel Tadeu Borges, de 46 anos, que ingressou na PM em 1996 como Soldado PM e atualmente é Primeiro Tenente PM Daniel, se recorda carinhosamente do começo de sua trajetória inspirada no pai Nelson Borges, de 77 anos, que ingressou na Polícia Militar em 1964 e aposentou em 1994 como Primeiro Sargento PM. “Sempre quis ser Policial Militar. Quando eu era criança e meu pai tirava serviço na Guarda da extinta cadeia pública, eu levava refeição preparada carinhosamente pela minha mãe Ermelinda, já que morávamos a poucos quarteirões da 1ª Cia/PM, e pelo mesmo fato, sempre via meu pai passando com as viaturas: Fusca e Veraneio Pretas e Vermelhas e depois com o Gurgel e Opala cinza, e diariamente ficava no portão aguardando a chegada do meu Herói trajando sua farda cáqui da época. Me sinto realizado pela profissão que escolhemos.”
Desde a ativa até os dias atuais, o Primeiro Sargento PM aposentado Nelson Borges mantém os princípios essenciais para a vida do filho. “Me sinto orgulhoso em ver meu filho na PM, sempre o orientei a estudar e seguir carreira, transmitindo a ele valores como: honestidade, respeito à população e lealdade à missão”, destacou.
Foi em 1973 que o Sargento PM aposentado Amilton de Oliveira de 72 anos iniciou sua carreira na Polícia Militar, um sonho realizado e que também foi transferido ao filho, o Soldado PM Rodrigo Oliveira, de 39 anos. “Me sinto realizado, pois era um sonho em servir a Polícia Militar do Estado de São Paulo. E hoje vi que valeu a pena. O maior aprendizado foram as lições de trabalho, respeito para com os cidadãos, respeito que recebi de todos meus superiores durante o tempo na ativa e também para minha vida fora da Polícia hoje aposentado. E foi isso que passo para meu filho respeito a todos superiores e cidadãos de bem”, aconselha, ao longo dos anos de experiência e atualmente ao acompanhar os passos do filho.
O Soldado PM Rodrigo Oliveira que, não demorou a decidir que daria continuidade à missão de policial militar. “O interesse sempre existiu, porque cresci vendo meu pai chegar e sair de casa fardado e eu sabia que ele estava nos deixando, mas, para servir e fazer o bem para a sociedade; sociedade essa que, inclusive, nós todos fazemos parte e usufruímos igualmente do bem estar e da sensação de segurança trazida pela polícia militar do Estado de SP.”
A carreira foi iniciada em 2010, quando se formou na Escola Superior de Soldados no CPI-2 – Campinas. “A satisfação é a de ajudar e dar continuidade a um legado do bem comum que todos os militares da instituição fazem igualmente: Nós, Policiais Militares, sob a proteção de Deus, estamos compromissados com a defesa da vida, da integridade física e da dignidade da pessoa humana”, ressaltou o soldado.
Aposentado como 3º Sargento da Polícia Militar, Daniel Claro, 68 anos, iniciou a carreira em 24 de dezembro de 1974. Ao longo de muitos anos honrou a promessa de servir e transferiu ao filho o amor pela profissão, o sacrifício e grandes ensinamentos. Hoje desfruta dias de orgulho por sua trajetória como policial e ao ver o filho Nilton Cesar Vergel Claro, Cabo PM Vergel de 38 anos seguir seus passos e cumprir o mesmo juramento. “Sinto muito orgulho de ter feito parte desta instituição na qual trabalhei durante 30 anos, ajudando toda população, em que meu maior triunfo foi o meu filho me ver como espelho de profissão a ser seguida. Meu maior aprendizado na carreira foi ser honesto e acima de tudo ter caráter, sendo crucial o respeito hierárquico e com a população, o que transferi ao meu filho.”
O 3º Sargento se aposentou em 15 de março de 2003, no mesmo ano, meses depois, em 25 de agosto de 2003, Cabo Vergel dava sequência à história da família na Polícia Militar do estado de São Paulo. “Desde criança admirei o trabalho da Polícia Militar, convivendo sempre com meu pai, o que gerou uma afinidade ainda maior pela instituição, a qual tenho o orgulho de fazer parte até os dias de hoje. A satisfação de exercer a profissão do pai é muito gratificante, pois aprendi muito com ele e por isso ele é meu espelho, sempre foi um policial alinhado, honesto, respeitoso, amigo e acima de tudo um homem de caráter”, disse o Cabo Vergel ao falar orgulhoso do pai.
Trilhando o caminho para no futuro atuar como Comandante está o Henrique Pires da Silva, 22 anos, aluno Oficial da Academia do Barro Branco. O jovem começou em dezembro de 2018 na escola de soldados, porém, em 10 de julho de 2019 iniciou na Academia de Polícia Militar do Barro Branco. Ele se espelhou no pai Gilmarcio Pires da Silva, 49 anos, o 2Sgt PM Pires para a realização profissional. “É um sonho desde criança, meu pai foi meu grande influenciador. Eu lembro de ver meu pai chegando em casa fardado, ou então da viatura parando em frente de casa, ou até mesmo quando ele me levava no quartel na época da cavalaria, eram coisas que eu achava incríveis. Eu via meu pai como um herói e eu queria ser igual a ele. Então desde criança sonho em ser Policial Militar. É uma satisfação imensa em envergar a mesma farda que meu pai, ainda mais, levando o mesmo nome de guerra. É algo que torna a missão ainda mais valiosa para mim”, mencionou orgulhoso.
O 2Sgt PM Pires iniciou a carreira em 18 março de 2002. Atua no 37BPMI e é responsável pelo Comando do Pelotão de Santa Gertrudes. “Para mim, servir a comunidade é um privilégio. Poder atuar em prol daqueles que precisam me traz uma grande felicidade, pois me sinto útil fazendo o bem para pessoas totalmente desconhecidas.”
Em meio a tantos desafios diários da profissão, o Sargento demonstra que está sim preparado para as grandes emoções que o futuro reserva e que eles tanto buscam. Com a formação do filho Henrique. “Ver meu filho seguindo a carreira que eu escolhi e envergando o mesmo nome de guerra me enche de orgulho, ainda mais sabendo que logo poderemos trabalhar juntos tendo ele como meu Comandante. O maior aprendizado que transferi para ele foi honestidade acima de tudo. Nunca desonrar a farda que foi por muitas vezes manchada por sangue de heróis que perderam a vida se sacrificando pela sociedade”, disse.
E em breve a continuidade também com o filho Guilherme, de 17 anos, que irá prestar o concurso da Polícia Miliar no próximo ano para seguir a mesma carreira. “Sempre acreditar e entregar sua carreira nas mãos de Deus.”
Janaina Moro / Foto: Divulgação